Contar para a mãe e a família que quer mochilar não é fácil, o coração aperta, dói porque nem nós sabemos ao certo o que estamos fazendo. Mas ter o apoio faz toda a diferença, mesmo que venha depois das brigas.
Colômbia – 2018 | Por Lanna Sanches
Lembro depois que contei pra minha mãe do meu mochilão ela perguntava toda semana se eu estava certa do que queria. Os meus medos não me deixavam responder com certeza.
Mesmo assim ela participou de todo processo com o coração na mão, mas me incentivando quando eu desanimava. Me ajudou a escolher uma mochila, espionava meu roteiro para ver se eu acrescentei ou tirei uma cidade, perguntava se eu tomei todas as vacinas, me fez digitalizar meus documentos, levar algumas roupas a mais “por se acaso”.
No terminal de ônibus da Portuguesa-Tietê em SP ela me abraçou forte, me olhou nos olhos e disse:
– Tem certeza que é isso o que você quer?
– …Sim.
– Você não deve nada a ninguém, mas quero que volte depois que chegar no México.- Ela me deu um beijo na testa, me abraçou forte e deu uns chêro no cangote.
As brigas começaram
Eu comecei a viagem e rompi com várias/todas promessas que fiz. Peguei carona, nem olhei o meu próprio roteiro, dormi em Couchsurfing de homem, dormi na rua, dormia em hostel de 20 camas em quartos de homens e mulher. Para mim, tudo isso hoje parece besteira, mas eu tinha receio. Ela tinha pavor. Com razão, eu estava longe das asas dela.
Brigamos, brigamos feio. Na verdade até deixamos de nos falar algumas vezes. Até que fiz um convite para ela passar dez dias comigo na Colômbia, para conhecer como eu viajava (na medida do possível), e conhecer a nova pessoa que eu estava me tornando, mudou tudo.
Mudou a nossa relação de mãe e filha.
Foram 10 dias de pura aventura e eu a coloquei em muita enrascada, desde dormir no chão até ir a uma balada em Medellín, não ter como tomar banho, uma triste caminhada histórica debaixo dum sol que nos fazia transpirar 1L por minuto, jantas e mais jantas “a la mochileiras”.
Estava nítido que a nossa relação mudaria ali. Eu brinco que foram naqueles dez dias entre 3 cidades da Colômbia que eu conheci a minha mãe e a minha mãe me conheceu. Não tínhamos a rotina, as outras pessoas a nossa volta, o estresse, o cansaço diário que não nos permitia ser amigas, apenas mãe e filha.
Prazer, mãe, essa sou eu ❤
Dica do Elas
Se coloque no lugar da sua família também, imagine ouvir que uma pessoa que você ama está se lançando para algo que você desconhece, que você teria medo? Claro, eles não deveriam jogar os medos deles em nós, mas é uma forma de proteção para cuidar de nós, nos alertar. Sim, as brigas vão surgir, nem toda família vai apoiar, nem toda mãe vai embarcar numa jornada dessa, cada pessoa vai lidar de um jeito.
💥Leia esse texto com um recadinho cheio de amor para mães e / com filhas viajêras!
Continue acompanhando a viajêra Lanna no @lsdogo , filha da viajêra Rose no @rosedogo !
Quer ouvir mais dessa história? Confere esse episódio aqui onde Rose e a filha Lanna contam mais dessa louca experiência que viveram mochilando juntas pela Colômbia no podcast Mochileiros Sem Pauta!