Encontro com a neve na Cordilheira dos Andes

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O que você vai ler nesse artigo

Ser nômade digital e trabalhar enquanto viaja é um estilo de vida incrível, escolhido por mim e também pela Nathany. Apesar disso, tem diversos desafios! Estes incluem insegurança com o sinal de internet, cuidado com os horários, limitação nos passeios, e muitos outros.

Nesta primeira viagem após escolher o nomadismo, Nathany conta todos os “desesperos” e delícias da primeira parte da sua Travessia pela Cordilheira dos Andes. Aqui, ela descobre o gosto da neve, de lidar com imprevistos e confiar na vida. 

Afinal, a viagem nos mostra que tudo acontece como deve acontecer.

Relato escrito por Nathany Mendonça

A saída e a chegada

Agosto/2022 – Sala de espera para o embarque para Buenos Aires. Faltava uma hora para o voo e decidi ligar para a operadora de telefone que eu contratei, para saber se estaria tudo certo com o sinal do celular quando eu chegasse no destino. Do outro lado, ouço o atendente dizer “sua linha foi registrada para ter o sinal em outro país, na verdade, o chip que você está não tem esta opção e no momento estamos sem o chip para poder habilitar”.

Daí já deu para sentir que aquela viagem seria deveras emocionante. Até porque, não era “só” uma viagem de passeio, eu tinha decidido ser nômade digital por um tempo. Ou seja, estava indo trabalhando e precisava de sinal no celular e, principalmente, do meu número funcionando.

E eu ali, esperando a liberação para entrar no avião, recebo esta notícia… Sendo que eu tinha solicitado a liberação para o meu número uma semana antes e não sei o que me deu na cabeça de ligar para saber se estava tudo bem.

Bom, já sabendo que não estava tudo bem, embarquei!

Primeira parada, segundo desespero

Primeira parada, Buenos Aires, aeroporto de Ezeiza. Sim, aquele que fica afastado do centro, mas já deixo aqui a primeira dica: tem transfer para o Aeroparque de hora em hora.

Como meu voo até Mendoza (primeira etapa do destino) era só à noite, fui para a casa de um amigo de Didi, um aplicativo de locomoção que funciona melhor do que o Uber. Fiquei na casa dele, que era próxima ao aeroporto, até próximo a hora de ir para o Aeroparque.

A ideia era ir de trem de Ezeiza até a estação Constitución e de lá pegar um Uber até o Aeroparque. Era a ideia, e ficou só na ideia mesmo.

Estava tendo greve nos trens e a linha que eu teria que pegar estava funcionando somente algumas estações, e foi aí que o desespero começou (ou talvez tenha sido quando descobri que meu número do Brasil não iria funcionar na Argentina). 

Sai correndo da estação, carregando duas malas de rodinha e uma mochila, já pesquisando no Uber e Didi qual App retornaria com a corrida aceita mais rápido. Afinal,o tempo estava passando e só terminaria com as malas despachadas.

O tempo de corrida estava dando uma hora e eu tinha exatos 4 min para chegar até o guichê e despachar as malas antes de encerrarem o tempo de apresentação. Acreditem ou não: uma boa alma conseguiu a proeza de me fazer chegar a tempo. Tudo bem que nisso aí foram $80,00 reais na conversão do peso paralelo, mas é isso. 

Um spoiler do que viria a seguir 

Desespero parte 2 superado, malas despachadas. Fui para o portão de embarque da Flybond (companhia aérea low cost muito boa), me acomodei nas cadeiras de espera e me dei conta que só tinha adolescente no mesmo voo. Achei estranho, mas no dia seguinte eu iria entender.

O voo sairia às 20:40 e chegaria em Mendoza às 23:00, e pelo jeito era o último voo do dia que chegou no aeroporto de Mendoza. Vamos para o desespero 3? Vaaaamos!

Peguei as malas e fui para a saída em direção ao estacionamento. Já tinha solicitado a corrida e o motorista confirmou, maravilha! Era só esperar, em pouco tempo ele chegaria…

E neste pouco tempo, o aeroporto se esvaziou, todos foram embora, não tinha mais táxi, só eu, e dois seguranças do aeroporto. Finalmente, o uber chegou e em 20 min estávamos na hospedagem, por volta das 23:55.

Assim eu posso dizer que saí de São Paulo e cheguei em Mendoza no mesmo dia!

As maravilhas de Alta Montaña

Domingo, acordei às 6:00 e comecei a me preparar para sair cedo. O passeio da Alta Montaña é um clássico do turismo de Mendoza, principalmente se você vai na época do inverno. A chance de ver neve de uma forma muito barata é garantida.

Dependendo de por onde você fecha o passeio, a van passa na sua hospedagem para te pegar por volta das 7:00 e, na pior das hipóteses, até umas 8:15 todos já estão dentro do carro rumo à montanha acima. É um passeio que dura o dia todo e me deixaram na porta da minha hospedagem por volta das 20:30.

Início do roteiro: o primeiro vislumbre de neve

1ª parada: Represa del Maipo. 

O dia nem bem terminou de clarear e já paramos para apreciar a paisagem e ter uma prévia das montanhas com neve. Para mim, foi o que mais me impactou, pois nunca tinha visto neve, mesmo que de longe como ali estava.

A guia vai nos passando muitas informações durante todo o trajeto, inclusive que não é permitido barcos movido a motor dentro da represa.

2ª parada para tomar café e alugar roupa, dura em torno de 30 minutos.

Para quem está utilizando o câmbio paralelo, sai tudo muito barato, mas já dá para sentir a diferença do preço por ser um lugar turístico. Ainda assim, com a barriguinha cheia e quentinha e a roupinha impermeável já alugada, partiu para a próxima parada. 

Foto de Nathany Mendonça

Pequenos grandes detalhes

A parte que mais me encantou durante o trajeto é que, no início, você vê de longe a montanha com o topo nevado e, conforme vai subindo, aquela montanha vai se aproximando.

Depois de um tempo, aquela neve que estava só no topo começa a ficar no meio da montanha, depois mais perto da estrada, até que chega uma hora que você olha pela janela e a neve está do seu lado. Eu, que nunca tinha visto neve, estava adorando!

Dentro da van estavam outros brasileiros que, pelo visto, também não tinham visto neve na vida hahahah. O motorista parou em uma parte segura da pista e deixou que nós fossemos na montanha tirar foto. Ali, todos voltaram a ser crianças, mas o melhor ainda estava por vir.

Continuando o trajeto

3ª parada foi no vilarejo de Las Leñas, onde ficamos por uma hora subindo e descendo a montanha no skibunda. Foi maravilhoso! Fiz vídeo chamada para os meus pais e amigos com um chip da Claro que comprei e tive sinal o caminho todo.

Na montanha, passamos dos 3000 metros acima do nível do mar e já conseguimos sentir o mal da altitude. A falta de ar, a dor de cabeça começando a aparecer… Mas claro, a intensidade vai depender de pessoa para pessoa e como o organismo reage.

⚠️ Preocupada com o mal de altitude? Leia esse artigo com dicas para evitar e também como tratar caso o “soroche” apareça!

Reencontrando as companhias de voo

Ah, lembra quando eu falei “me acomodei nas cadeiras de espera e me dei conta que só tinha adolescente no mesmo voo, achei estranho, mas no dia seguinte eu iria entender”? Vamos a ele. 

Enquanto eu estava brincando na neve, vi dois ônibus grandões chegando e só desceu criança/adolescente. Pelo o que eu entendi, as escolas organizam excursões com o pessoal de terceiro ano e alguma série mais nova. 

A parte engraçada é que as crianças saiam correndo do ônibus e começavam a subir a montanha correndo até que do nada elas caiam e ficavam deitadas no chão. Aí eu entendi que elas estavam sem ar e ficavam no chão para se recuperar, levantavam e saiam correndo novamente até cair e começar todo o processo novamente.

Até onde isso estava tudo bem para eles eu não sei, mas foi engraçado de ver e entendi porque tinha tanto adolescente no embarque no dia anterior. 

Uma dica valiosa 

Depois, almoçamos num restaurante próximo a montanha. O almoço tinha direito ao prato principal e sobremesa, com bebida cobrada à parte. Estava bom, mas nada demais. Tinha até arroz, algo não muito comum nos restaurantes argentinos.  

Ah, uma dica: sempre que for comer olhe no cardápio e veja se tem algo que não é comum do local. Se tiver, saia. Provavelmente é um lugar mais para turistas com o valor acima do que realmente é cobrado. Desta vez, como eu estava em excursão, não tinha como escolher. 

Últimas paradas e retorno

4ª parada: Puente del Inca.

Diante da importância histórica e cultural que o local tem, acho que deveria ter mais zelo, é nítido que há pouco recurso e cuidado. Mas mesmo assim, não perde o seu encanto e misticismo.

No retorno para a cidade, o motorista ainda parou na entrada do parque, onde tem o acesso ao parque Aconcagua. Dentro dele tem uma trilha para chegar à base da montanha, mas não está no roteiro do passeio. O motorista que foi muito gente boa e parou para tirarmos algumas fotos. 

Finalizada a última parada iniciamos o percurso de retorno. Paramos novamente no local do café da manhã para devolvermos as roupas e botas de neve e, mais uma vez, encher e esquentar a barriguinha.

Foi neste momento que o mal da altitude atingiu em cheio. A dor de cabeça veio forte e, como eu já sabia, tinha levado uma aspirina que me fez dormir o restante da viagem.

Descanso para as próximas aventuras

Outra curiosidade foi que mesmo em Agosto o sol estava se pondo por volta das 19:20, isso fez com que eu me perdesse um pouco na hora porque eu achava que era mais cedo por ainda estar com sol. 

Como eu falei no início, me deixaram na porta da hospedagem e fui me preparar para o dia seguinte. Afinal, esta não é uma viagem de passeio, e segunda-feira eu trabalhava.

Mas a jornada continua…

Gostou do relato da Nathany? Acompanhe ela no @nathanymendonca !

Dicas para viajar na Argentina

A dica é trocar peso Argentino por Pedo chileno em Mendoza no centro já para ir com dinheiro em espécie, pois as casas de câmbio de Santiago não abrem no domingo. Pagar tudo na Argentina em dinheiro vivo!

Aliás, fica a dica: aqui no Elas Viajam Sozinhas escrevemos um artigo completo sobre câmbio na Argentina e sobre como usar a Western Union para sacar dinheiro em mais de 120 países do mundo todo!


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