México sozinha: um sonho realizado quase 20 anos depois

Compartilhe: 

O que você vai ler nesse artigo

O sonho da Lívia sempre foi visitar o México, mas ela nunca havia considerado fazer uma viagem sozinha. Foi um show dos seus artistas favoritos que a levou a buscar essa experiência.

Assim, depois de ler os relatos aqui no blog, fazer algumas pesquisas e dizer “sim” para as oportunidades que apareciam, esse desejo pôde ser realizado. Mas é claro, não sem os perrengues, imprevistos e inseguranças que nós já estamos acostumadas.

Apesar disso, essa aventura mostrou que existe muito quando se fala em viajar sozinha. Conhecer pessoas, lugares, culturas e se descobrir muito mais saudosa e afetuosa com o próprio país do que poderia imaginar.

Até porque, a gente sempre encontra um pedacinho de casa nos lugares que conquistam nossos corações. Ainda mais quando viajamos para realizar o sonho de conhecer o México depois de tanto tempo na expectativa, e ainda realizar numa viagem sozinha!

Relato escrito por Lívia Caetano, de Rio Verde (Goiás) para o México

Considero que a minha experiência começou a partir dos relatos que eu lia no Elas Viajam Sozinhas, pois havia a possibilidade de uma viagem solo e eu queria entender as experiências das outras meninas. Até então, eu sempre viajava com amigos ou família, viajar sozinha não era uma questão – eu nem sequer pensava nessa possibilidade.

Tive experiências bastante ruins entre 2015 e 2017, quando morei na Europa e depois retornei para passear no Leste Europeu. As pessoas me viam como uma mulher árabe, devido às minhas feições. Vivi, inclusive, uma perseguição em uma estação de trem na República Tcheca por três homens, algo que me aterrorizou muitíssimo e minou em mim a curiosidade e mesmo o desejo de fazer uma viagem solo.

Porém, surgiu uma viagem pro México em mood (tradução livre: estado de espírito) fã, com shows de artistas que eu amo, e não atraía nenhuma pessoa que eu conhecia para esta “aventura”, ou seja, teria de ser sozinha.

A primeira viagem solo: respira e vai!

Conhecer o México era um sonho antigo que remonta à minha adolescência, e eu decidi que iria mesmo que fosse sozinha. Levei para a terapia, estudei um pouco, procurei relatos na Internet (não encontrei!)…. respirei fundo e fui. Sabia que outras meninas estariam lá também nesse mood fã, abrindo oportunidade para fazer novas amizades.

Essa viagem mudou muitas vezes de rumo devido à pandemia e, faltando um mês para ir, uma amiga em comum decidiu ir e dividir o hotel comigo na Cidade do México. Comprei uma passagem de avião apenas São Paulo – Cidade do México, com 16 dias de estadia, e o espaço de tempo eu preencheria conforme as coisas acontecessem.

Acabei planejando a viagem meio em cima da hora, com 1 mês de antecedência. No fim, nunca estive sozinha na Cidade do México, mas sabia que a segunda metade da viagem seria diferente. Ainda iria para Puerto Vallarta e Guadalajara, no estado de Jalisco, que não tem boa fama (conforme as séries sobre narcotráfico e violência que existem).

De toda forma, uma conhecida me disse que havia passado uma vez por Guadalajara e que havia adorado a cidade, que era muito bonita. Boas recomendações, coração um pouco mais tranquilo.

Primeira fase: ganhando confiança 

Acredito que os oito primeiros dias na CDMX foram super importantes para que eu entendesse um pouco sobre o México e me sentisse segura para seguir viagem. Conheci pessoas incríveis! Quem eu só tinha contato pelas redes sociais e que acabaram se tornando parcerias ótimas para explorar a cidade, principalmente porque já conheciam o México.

Os mexicanos são extremamente amáveis e disponíveis, e isso também foi um ponto que me fez sentir acolhida e bem-vinda naquela terra incrível. Nunca senti medo, e isso me chamou muito a atenção, porque eu cheguei lá achando que ficaria até meio persecutória, mas foi o contrário: sempre me senti parte daquele lugar.

Então, me enchi de coragem, inspirada pela minha paixão e alegria causadas pela Cidade do México, e fui para Puerto Vallarta de avião.

Agora sim, sozinha!

Nos primeiros dias a minha sensação de solidão pegou um pouco, mas eu me coloquei numa atitude de buscar contatos e experimentar esses lugares novos com mais leveza, me deixando contagiar pelas novidades. Foi incrível!

Minha abertura me permitiu conhecer gente local, o que foi perfeito para vivenciar mais de perto aspectos da cultura, praticar o espanhol e fazer amizades, que é algo que eu adoro. Inclusive, acredito que os perrengues que vivi em Puerto Vallarta ficaram mais leves por causa disso (tive que trocar de hospedagem e mesmo assim continuei com perrengue no outro hotel).

Aproveitei também para conhecer um pueblo (tradução livre: povoado) mágico ali perto, a cidadezinha de Sayulita (estado de Nayarit). Um passeio maravilhoso!

Quando pensei em ir embora: chegando em Guadalajara

Depois de 3 dias em Puerto Vallarta, fui para Guadalajara de ônibus, uma viagem interessantíssima. Cinco horas e meia de ônibus atravessando Jalisco para chegar a uma cidade que eu nunca pensei em visitar, na verdade.

Guadalajara entrou no meu roteiro pois o mood fã gritou mais alto e fui atrás dos meus favs (sigla como referência a pessoas que se é fã, favoritos) para vê-los lá também, em outro show.

Confesso que a essa altura já estava com vontade de voltar pra casa, talvez porque estivesse com medo. Guadalajara é a segunda maior cidade do país, meio fora dos circuitos turísticos tradicionais do México. Talvez porque também estivesse ainda frágil, me recuperando de uma sinusite e sintomas gripais que iniciaram na Cidade do México devido ao combo sol, chuva, calor, frio, tudo junto no mesmo dia.

O fato é que eu não tive tempo de estudar nada sobre Guadalajara e tinha expectativa zero com a cidade. Encontrei uma outra menina, mexicana, que também estava no show na noite anterior e fomos andar pelo centro da cidade.

Pronto, bastaram essas horas para que eu me encantasse por Guadalajara!

A cidade que conquistou meu coração 

Clima delicioso, calor com uma chuvinha de verão por vezes, diferente da instabilidade climática da CDMX. Uma graça de cidade, pessoas super simpáticas! Mais uma vez me senti em casa, realmente como se estivesse no Brasil.

Fui descobrindo os passeios possíveis, já com orientações da recepção do hotel (excelentes por sinal, me deram um mapa da cidade para poder explorar). Foram 4 dias deliciosos, nos quais eu mergulhei na cultura local, muito parecida com o que é a cultura do estado de Goiás no Brasil: terra do sertanejo.

Lá é a terra do mariachi e da banda, dois ritmos que lembram muito o sertanejo brasileiro. Me senti extremamente conectada com aquilo tudo, mesmo não gostando do estilo musical! 

Também me senti muito acolhida na questão alimentar. Tenho alergias e eles sempre foram super bacanas na hora de negociar ingredientes das comidas. Nesses dias todos, nunca comi nada extremamente picante, pois isso também foi negociado com abertura e respeito.

Primeiros passos brasileiros

Uma coisa que me chamou a atenção foi um passeio que fiz para conhecer o processo de produção de tequila (Jalisco é o principal produtor de tequila). Conversando com um dono de uma indústria, ele me contou que eu era a primeira pessoa brasileira a visitar o lugar!

Fiquei em choque e ao mesmo tempo pensando como um lugar tão interessante não atraía turistas brasileiros. No fim, voltei para o Brasil sentindo um desejo enorme de voltar logo para explorar o que não deu tempo.

A nova amiga que eu conheci lá em Guadalajara já me convidou para conhecer sua terra natal, no estado de Michoacán, onde são realizadas as festas dos mortos mais tradicionais do país. Quem sabe essa não será a minha próxima parada?

Dicas para mulheres que querem viajar sozinhas pelo México

Acredito que é importante ter em mente que eu sou muito expansiva e extrovertida, aberta para novos contatos e amizades. Não me senti insegura em nenhum momento, em nenhum lugar. Porém, minhas andanças eram sempre em áreas turísticas, o que garante alguma segurança adicional.

Rolou assédio, principalmente na praia. Com abordagens um pouco insistentes de um homem que logo que percebeu meu desinteresse se afastou.

Acho possível viajar sozinha pelo México tomando cuidado, mas sem neura, como foi meu caso. Talvez ter planejado pouco tenha me ajudado a dar valor à minha intuição e ampliado essa coisa que já é forte em mim de estar conectada com meus sentidos.

Planejar o suficiente para que você não se sinta perdida, mas que te deixe espaço para explorar o lugar com abertura para o novo.

Aproveitei tudo com muito mais leveza do que eu mesma havia imaginado, degustando cada experiência, canto, contato, da melhor forma possível. Que me deixou, como eles dizem, um “sabor de boca” gostoso que te faz querer voltar sempre e sempre.

O México me tem pra sempre.

Gostou do relato da Lívia? Acompanhe ela no @liviacsl ou também no perfil profissional @matrioska_psi!


Gostou? Compartilhe!

CONHEÇA O PROJETO

Portal de relatos e dicas de viagens para mulheres que querem viajar sozinhas ou estão viajando sozinhas pelo mundo. Vamos nessa?

NEWSLETTER

Descontos para Você

Aproveite as vantagens para sua viagem!
NOSSOS PROJETOS

Apoie este projeto!

Saiba como participar do Elas!
ÚLTIMOS POSTS
CARTÕES POSTAIS

Gostou? Comente abaixo!

2 respostas

  1. Amei a sua experiência. Sou goiana e estou partindo em março para CDMX, a princípio uma prima iria comigo mas agora vou sozinha. Obrigada pelo seu relato, me ajudou a ficar mais calma. ☺️

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *