Serra da Capivara: guia para conhecer as pinturas rupestres no Piauí [2024]

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O que você vai ler nesse artigo

Se você não ouviu falar nas pinturas rupestres da Serra da Capivara, senta aqui que precisamos conversar. Localizado no sul do Piauí, ele pode até ser mais difícil de chegar, mas vai compensar toda a jornada. Estar ali não é só ter um contato com a caatinga, um bioma que só existe no Brasil, mas também com a nossa história.

Esse Parque Nacional existe graças aos esforços dos moradores junto com a Niéde Guidon, uma arqueóloga brasileira que liderou as pesquisas na região. O Parque Nacional da Serra da Capivara é o maior acervo de pinturas rupestres do planeta. São mais de 800 sítios arqueológicos com pinturas rupestres e artefatos datados até 12 mil anos atrás. Em apenas uma parede no Boqueirão da Pedra Furada, existem mais de mil pinturas uma ao lado da outra.

Mas não para por ai, as paisagens são de encher os olhos de lágrimas e ganham os corações das mais aventureiras também. A caatinga preservada nos faz mergulhar a fundo nesse bioma que é único, só existe no Brasil. Um prato cheio para os amantes de história, para os amantes da natureza e de paisagens de cair o queixo.

Breve história da Serra da Capivara

Sabe aquela história de que os nossos ancestrais Homo Sapiens chegaram pelo estreito de Bering lá no Alaska? O Parque Nacional da Serra da Capivara reescreveu parte dessa história. Por meio de pinturas rupestres, artefatos e ossadas, os arqueólogos descobriram outra rota. Os Homo Sapiens não chegaram apenas pelo Estreito de Bering, mas também pelo continente africano na era da Pangeia.

Lá nos anos 70 , a Niéde Guidon viajou com seu fusca até o interior do Piauí em busca das tais pinturas “dos homens bravos”, como chamavam as pinturas rupestres na Serra da Capivara. Em 1979, depois de muita insistência e luta, a região se tornou um Parque Nacional. Para conferir uma entrevista com ela a fundo sobre a história, vem ver essa entrevista aqui.

Nas pinturas rupestres da região eles retratavam o dia a dia, desde as caçadas, aos rituais e até mulheres grávidas e animais. O pigmento mais utilizado era o óxido de ferro retirado das rochas locais, que são o tom avermelhado às pinturas.

Inclusive, como o bioma é a caatinga, você pode optar por fazer trilhas nas paisagens e aprender sobre a fauna e a flora. Fazer uma caminhada aqui, seja por cima em um mirante ou por baixo entre os paredões, é apaixonante. Você vai poder aprender sobre esse bioma que é exclusivo do Brasil, e até identificar os traços de mata atlântica.

Contratar agência ou não?

Se você for contratar uma agência que cuide desde a sua chegada, estadia, alimentação, transporte, guiagem, saiba que o valor vai ficar salgado. Afinal, eles estão cuidando e pensando em toda a sua logística de viagem para você ter todo o conforto. No fim, é você quem decide se vale a pena contratar agência ou não.

Depende do valor que você quer investir nessa viagem e se você gosta do estilo de viagem de agências. Se você quer conhecer a Serra da Capivara, mas não quer pagar para alguém organizar toda a sua viagem, vou te dar aqui todas as dicas para você mesma tirar a sua viagem do papel.

Posso visitar a Serra da Capivara sem guia?

Algo que você não tem como escapar são os guias. Além dos guias serem obrigatórios para entrar no Parque, eles são essenciais para que você entenda a dimensão da importância desse lugar pro Brasil e pro mundo.

Com toda certeza a nossa experiência só foi tão incrível porque tínhamos ao nosso lado uma pessoa local nos contando histórias, lendas, e nos ensinando sobre a caatinga e as descobertas que fizeram naquela região. Sem um guia o lugar fica lindo porque a paisagem é de tirar o fôlego, mas com um guia tudo ganha mais sentido e beleza.

Por isso, não deixe de contratar um quando for a Serra da Capivara ou outros parques nacionais. Por mais que tenhamos conhecimento de trilhas, pode ser que não estamos acostumados com o bioma, lidar com os animais da região e adversidades. Ter um guia te traz mais segurança e conhecimento para poder se concentrar somente em aproveitar o lugar.

Aliás, conhece o nosso projeto de guias de turismo? Aqui você encontra mulheres que trabalham como guias de turismo em diversos lugares do Brasil!

Como chegar até a Serra da Capivara?

Você tem 3 opções de como chegar até a Serra da Capivara. A primeira é de avião. Existe um pequeno (e lindo) aeroporto em São Raimundo Nonato que recebe voos de terças, quintas e domingos vindos de Recife. A operadora é a Azul e você pode conferir os voos no site deles.

Inclusive, os preços não são exorbitantes e eles estão ampliando o número de voos pela demanda que o Parque está recebendo!

Outra opção muito comum é das pessoas irem de avião até Petrolina e de lá alugar um carro para ir até São Raimundo Nonato. E, claro, aproveitar o carro para conhecer o Parque. Por último, você pode ir até Petrolina e de lá pegar um ônibus até São Raimundo Nonato. Os ônibus são operados pela Gontijo aos domingos, segundas e quintas. 

Onde se hospedar na Serra da Capivara?

Estadia Serra da Capivara | Sertão do Luar

A maior parte das estadias estão concentradas na cidade de São Raimundo Nonato. Desde hostels, pousadas, hotéis e campings, para todos os estilos e bolsos. Como o Parque possui muitas entradas, vai depender também de qual lado você quer conhecer para se hospedar mais perto da região. 

Em São Raimundo Nonato você vai ter mais infraestrutura de restaurantes e vai estar perto do Museu do Homem Americano. Mas outra cidade base para conhecer o Parque Nacional da Serra da Capivara é o Sítio do Mocó. Um pequeno povoado pertinho da entrada para a Pedra Furada, um dos cartões postais.

O Sítio do Mocó não conta com a mesma infraestrutura de São Raimundo. Por outro lado, para quem gosta de silêncio e natureza, a pracinha é de tirar o fôlego. Além disso, o Museu da Natureza fica bem perto dali. Se você busca uma cidade intermediária: Coronel José Dias, uma cidade um pouco depois do Sítio do Mocó.

Onde comer na Serra da Capivara?

Restaurante Serra da Capivara

Os cafés da manhã costumam ser nas estadias, mas existem opções de cafeterias e padarias nas cidades. Como falei no tópico acima, em São Raimundo Nonato existem dezenas de opções de restaurantes. Desde quilos, pizzarias, hamburguerias, bistrôs, podrão de rua, tem de tudo. Mas no Sítio do Mocó as opções são mais limitadas. Durante o almoço existem dois lugares para almoço mais comum entre os visitantes.

O primeiro é o Restaurante Serra da Capivara, que funciona por preço fixo e você se serve o quanto quiser. Pagamos 37 reais cada um. Fica junto com a Fábrica de Cerâmica, mais ou menos 7km do centro do Sítio do Mocó. 

O segundo é o Restaurante Trilha da Capivara, que fica perto da praça principal do Sítio do Mocó. Servem o almoço na mesa com as porções do que foi escolhido previamente. Dependendo da época é preciso avisar na manhã que pretende almoçar lá para eles terem uma ideia da demanda do dia. O preço varia de 25 a 40 reais a depender do que escolher de misturas. Só aceitaram dinheiro em espécie.

Dentro do Parque NÃO TEM infraestrutura de lanchonete e de refeições. O ideal é sair do Parque para comer, até porque na hora do almoço o sol é muito bruto. Ou então, levar bastante lanche e comer no caminho mesmo. Para isso, avise o guia da sua intenção de pular o almoço para que ele também possa se programar para isso.

Transporte dentro do Parque

Como já mencionado no item de “como chegar até a Serra da Capivara”, o Parque depende de transporte motorizado. A maior parte das pessoas vão até Petrolina e de lá alugam um carro para chegar até a cidade que vai se hospedar ao redor do Parque para depois aproveitar o carro para desbravar.

Se você não chegou até São Raimundo Nonato de carro, fica tranquilo que tem saída. Você poderá alugar um carro para conhecer o parque. Caso você não queira ou não possa alugar um carro para entrar no parque, a solução pode ser tanto um guia que tenha carro ou moto (o que vai deixar a diária mais cara), ou procure por pessoas que estão com espaço no carro e divida os custos com elas.

Circuitos do Parque Nacional da Serra da Capivara: qual fazer?

Todos. Seria ótimo, mas levaria semanas. Vou separar aqui por circuitos para você decidir qual você mais gostaria de fazer e, por último, vou te dizer quais são os clássicos caso você tenha tempo apertado e queira ver a cereja do bolo.

Circuito Chapada

Veja aqui as principais atrações desse circuito:

Baixão das Andorinhas

Toca do Perna I a X

Toca Baixão da Barriguda

Tocas do Caldeirão dos Rodrigues

Trilha do Perigoso

Trilha do Pitombi

Circuito Baixão das Mulheres

Veja aqui as principais atrações desse circuito:

Toca do Baixão das Mulheres I, II e III

A toca dos Coqueiros

Toca da Roça do Clóvis

Circuito BPF e Sítio do Meio

Veja aqui as principais atrações desse circuito:

Toca do Boqueirão da Pedra Furada

Toca do Baixão da Pedra Furada

Alto da Pedra Furada

Toca da Fumaça I, II e III

Toca do Sítio do Meio

Circuito do Desfiladeiro

Essa é uma das trilhas mais clássicas do Parque. 

Veja aqui as principais atrações desse circuito:

Toca de entrada Pajaú

Trilha do Boqueirão do Paraguaio

Toca do Inferno

Trilha dos Veadinhos azuis

Toca do Baixão da Vaca

Circuito Serra Branca

Essa daqui é a entrada mais afastada das cidades base. É uma parte que, além de ter pinturas rupestres, paisagens incríveis, também vai ter a Trilha dos Maniçobeiros. O lugar onde é mais visível enxergar a presença humana recente nos lugares. As casas de antigos moradores que conviviam com aquelas pinturas rupestres.

Veja aqui as principais atrações desse circuito:

Toca do Vento

A toca da Extrema I e II

Toca do Pica-Pau

Trilha dos Maniçobeiros

Toca do Conflito

A toca do Veado

Toca Pinga do Boi

O que fazer na Serra da Capivara além do Parque?

O Parque é lindo, é incrível, e fora dele também tem muitas atividades para você conhecer. Além de conhecer o Parque, você também pode conhecer a pequena e charmosa vila do Sítio do Mocó. Um pequeno vilarejo aos pés das rochas do Parque, perto de uma das entradas. Porém, como é um lugar pequeno e tranquilo, o foco aqui é ficar um tempo relaxando e curtindo a paisagem tomando um sorvete pra se refrescar mesmo.

Por outro lado, você pode conhecer melhor as outras cidades, como Coronel José Dias e São Raimundo Nonato. Aliás, como são cidades maiores, oferecem mais atividades e atrações para quem gosta de um agito. Pesquise se não vai ter alguma feira, festival, shows.

Museus

Dois deles são os museus: do Homem Americano e da Natureza. O primeiro fica em São Raimundo Nonato e explica a história do ser humano no continente americano. Como chegamos até aqui, quais foram os vestígios que encontraram. Por exemplo, pedras lascadas, urnas funerárias, pinturas rupestres, e até mesmo fezes fossilizadas. Alguns itens, datados de mais de 50.000 anos atrás. Valor da entrada: 30 reais a inteira, 15 a meia.

O outro museu é o da Natureza, que fica perto do Sítio do Mocó. Diferente do Homem Americano, esse foca exclusivamente na fauna e na flora do mundo, mas também conta como foi o surgimento da caatinga, o bioma exclusivamente brasileiro. O museu começa falando do universo, da formação do sistema solar, no surgimento dos continentes que temos hoje, os climas e biomas. Tudo de uma forma super interativa e divertida. Valor da entrada: 30 reais a inteira, 15 a meia.

Trilhas no João Pimenta

Por fim, se você gosta de fazer trilha sozinha e está frustrada que não pode caminhar pelo Parque, o Sítio do João Pimenta é um lugar de cara para os paredões do parque e você pode caminhar livremente por lá. Fica a 20km de São Raimundo Nonato pela PI 140, não é pro mesmo caminho do Sítio do Mocó.

É cobrada a taxa de 10 reais pela entrada e você pode curtir as paisagens dos mirantes, as trilhas, e tudo mais. Apenas tome cuidado porque, sem guia e sem conhecimento da região, pode ser arriscado ir sozinha.

Cerâmica

Um grande projeto de Niéde Guidon foi implementar a cerâmica. Quando ela chegou, as pessoas moravam espalhadas por toda a região do que hoje é o Parque Nacional da Serra da Capivara. Para que o lugar se transformasse em um Parque, era preciso que as pessoas saíssem de lá.

Niéde não queria deixar as pessoas desamparadas, então buscou formas delas se inserirem no funcionamento do projeto. Hoje as pessoas fazem parte da segurança, das guaritas, são guias de turismo e também trabalham com cerâmicas voltadas para o turismo.

A cerâmica é feita de forma sustentável com manejo consciente, sem escavação de solo e sem torra com lenha. Além disso, cada peça é feita e desenhada à mão, deixando cada uma com um toque único. A Fábrica de Cerâmica da Serra da Capivara é aberta à visitas e também para comprar os itens com 15% de desconto diretamente com eles.

Curiosidade

Algo curioso que me chamou a atenção no Parque é que durante o dia nas guaritas eram sempre mulheres que nos recebiam. E, por outro lado, nas fábricas de cerâmica, eram os homens que desenhavam com itens delicados e que exigiam muita atenção.

Na minha cabeça estereotipada seria o contrário. Era mais comum ver homens em guaritas e mulheres na cerâmica, mas não aqui. Niéde Guidon trocou os homens nas guaritas por mau comportamento e colocou as mulheres para vigiar e guardar um bem nacional tão precioso.

Homens e mulheres são guardas e seguranças do Parque, mas vi predominantemente homens nas cerâmicas, o que me chamou a atenção. Apenas uma curiosidade de algo que nem sempre vemos ou notamos, mas que na Serra da Capivara ganha um destaque diferente e o protagonismo das mulheres é nítido.

Boa viagem, viajêra!

Se tiver alguma dúvida, deixe nos comentários que eu vejo no que posso te ajudar!

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