Comida em Cuba: dicas e pratos típicos [2023]

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O que você vai ler nesse artigo

Se vai viajar pra Cuba, saiba que a comida lá não vai mudar tanto em relação ao Brasil. O que muda (e MUITO) é que muitos restaurantes são estatais, do governo, e os empreendimentos dos cubanos se chamam paladar em homenagem a nós, brasileiros!

Quando eu falo em comida cubana, o que vem à sua mente? Tem algumas diferenças com a gente, mas o arroz e o feijão estão presentes, sempre tem uma saladinha e um pedaço de carne. O que muda pode ser os temperos, porque lá eles tem um caso sério de amor com cominho, e também os alimentos da estação.

Nesse artigo aqui vou contar um pouco como funcionam os restaurantes, mercados, e os pratos típicos que encontrei viajando pela ilha por 30 dias!

Quer saber um resumão rápido com TODAS as dicas de viagem pra Cuba? Nesse artigo aqui falo de tudo, desde documentos pro visto, alimentação, burocracias, golpes em turistas, e muito mais!

Restaurantes estatais

Assim como as estadias em Cuba, a alimentação também vai ter empreendimentos do governo. Ou seja, são diferentes restaurantes espalhados por todas as cidades com cardápios dos mais diferentes: do chique até o de simples de rua.

Os preços variam muito, cheguei a comer um prato de comida por 400 pesos (13 reais), como também comi um de 1000 pesos em outro (33 reais). E não só restaurantes, o governo também tem cafeterias, lanchonetes, sorveterias e tudo que envolve comida!

Um dos restaurantes mais famoso da ilha é o Bodeguita del Medio, que tem em várias cidades, e existe desde a década de 40. Eles servem o típico mojito e comida criolla, como chamam a comida tradicional cubana. De fora, parecia um restaurante caro e fora do meu limite pra comida enquanto viajava por Cuba.

Mas foi só entrar que eu descobri que ele era estatal e que a lagosta era vendida por menos de 800 pesos cubanos, que dá menos de 30 reais. Nem sempre a aparência vai condizer com o visual do lugar, porque um paladar bem mais simples pode ter um prato de comida tipo PF pelo menos preço.

Restaurantes paladares

Os restaurantes paladares surgiram nos anos 90 logo depois da queda da União Soviética. Cuba começou a abrir para o turismo, e com isso muitos empreendimentos passaram a surgir. Eles são chamados de “cuentapropistas“, porque eles estão por conta própria, não trabalham com e nem para o governo. As pessoas passaram a receber as pessoas dentro da própria casa para servir e cobrar pelo prato de comida. Não tinham nem um cartaz na porta.

Mas não se preocupe, hoje em dia tem letreiros brilhantes pelas ruas e a maioria já tem um cômodo só para o paladar. Se parece muito a um restaurante como qualquer outro, mesas, cadeiras, ar condicionado e até TV. E em outros, vai ser um cômodo da casa da pessoa e ela cozinha na própria cozinha e vai servindo as pessoas que chegam.

Curiosidade do nome “paladar”

Como eu falei no começo do texto, o nome dos restaurantes dos cubanos se chama “paladar” em homenagem à novela brasileira Vale Tudo. A personagem queria sair de casa e montar o próprio restaurante, e começou a fazer comida pra vender. Quando conseguiu ter o próprio restaurante, qual era o nome? Paladar!

Por isso que os restaurantes dos cubanos se chamam paladares. É só andar pelas ruas que vai ver “Paladar Doña Maria”, “Paladar Chiquito”, “Paladar Cielo”, e por ai vai. Quando você falar que é brasileira a primeira história que vão te contar é essa, que eles amam as novelas brasileiras e que os paladares chamam assim pela novela Vale Tudo.

Uma senhora até ficou decepcionada quando eu falei que no Brasil se chamavam restaurantes e não paladares…

E eu não vou dar indicações de paladares aqui porque eles variam muito, até por uns motivos que vou dar nas dicas gerais. Todos que eu fui a comida era incrível, caseira, tempero muito bom. Então sai andando na rua e veja qual mais te atrai e se aventure nas delícias das comidas de Cuba!

Formas de pagamento

Todos os paladares que fomos recebiam pagamento por dinheiro somente, nem existia a possibilidade de pagar com cartão. Por outro lado, alguns restaurantes estatais que fomos aceitavam cartão internacional e eu consegui pagar com o Itaú (com aviso viagem feito).

💰 Se quiser saber mais sobre dinheiro e câmbio em Cuba, vem aqui!

Pratos típicos

Vamos agora para comida tradicional de Cuba, que lá chamam de comida criolla. Você vai ver muitas carne de porco, mais do que carne de vaca. A carne de porco vem em forma de bisteca na maioria das vezes. A ropa vieja é uma carne de panela e encontramos com frequência também.

Também tem muito frango, seja peito de frango na chapa, ou coxa no forno. Depois de carne de porco a carne de frango era a mais vista pelos restaurantes. E, claro, como é uma ilha, tem muito peixe e até lagosta. As lagostas só vi sendo vendidas em restaurantes do Estado ou o pescador na praia de Ancón que vendia e fazia diretamente a lagosta pra você.

Existem vários tipos de arroz, o branco normal; o amarelo feito com banha de porco e temperos; o arroz congri ou moro que é arroz com feijão preto e cominho; e, por último, o arroz con pollo, que é um mexido de arroz com frango bem saboroso.

Sempre vai ter uma saladinha para acompanhar, e normalmente vão ser as da estação (mais informação abaixo). Pra mim teve muito pepino, repolho e tomate. E além da verdura, também vem legumes como cenoura, abóbora, mandioca, e outros. Agora a surpresa pra mim foi descobrir que a sobremesa flan deles é muito parecido com o nosso pudim brasileiro, sim, tem pudim em Cuba!

Comidas de rua

Diferente de outros países da América Latina que são famosos pela comida de rua, Cuba não tem tantas opções. Existem lanchonetes, cafeterias, sorveterias do estado e de cuentapropistas que vendem sanduíches de presunto e queijo, atum, só com maionese, suco natural, ou café.

Tem também pessoas que vendem doces na rua como turrón de maní, que se parece MUITO ao nosso pé de moleque. E o turrón com o amendoim moído, que lembra a nossa paçoca. Além desses tem as pessoas vendendo torradinhas na rua, e biscoitos caseiros, como o amentecado, que, como o nome já diz, é aqueles biscoitinhos com muita manteiga e crocantes que vem com um pouco de doce de goiaba. Aliás, muito doce de goiaba por lá também!

Além dessas comidas tradicionais, foi muito presente também encontrarmos macarrão com molho vermelho simples e queijo ralado. E muita pizza. Muita pizza. E assim como outros países que não são o Brasil, o recheio é bem simples, a massa é mais grossa, e vai ter molho e queijo como base.

Bebidas típicas

Eu sei que você conhece Cuba Libre e Mojito, mas eu vim aqui pra te falar é da Canchanchara!

O mojito é a famosa mistura de rum branco com limão e hortelã, e o nome vem de mojo, que é como um “feitiço”. Enquanto a Cuba Libre é a mistura de rum com Coca Cola, que surgiu na década de 1900 quando Estados Unidos apoiou Cuba na Independência da Espanha. E por isso juntaram as bebidas dos dois países, o rum de Cuba e a Coca dos EUA e assim surgiu a Cuba Libre.

Mas a Canchanchara é tão gostosa quanto essas duas bebidas e não é conhecida fora da ilha, acabou se tornando um segredo delicioso dos cubanos. Eles misturam rum com MEL e suco de limão ou outra fruta cítrica, como a laranja. Eu não sei explicar, mas o azedo do limão, o doce do mel, e a força suave do rum cubano fazem a combinação ser divina. Sério, provem! A história vem lá da Guerra dos 10 anos da independência, quando os guerrilheiros mambises preparavam a bebida como medicina e para se aquecer.

Sem álcool

Agora além dessas bebidas típicas, você também vai encontrar refrigerantes de limão, laranja, nada fora do comum. Mas o refrigerante que mais me ganhou foi o IronBeer, que é uma Coca Cola cubana. Ela foi criada em 1917, bem antes da Revolução Cubana, com o objetivo de ser uma versão da Dr. Pepper com mais gosto de fruta. E é realmente mais doce, mais suave e gostei bastante.

Existe muito suco natural na ilha também. Abacaxi, mamão, manga, goiaba são os que eu mais vi, mas isso porque elas eram as frutas da época. E sem ser suco, mas também fruta, MUITA banana (a história explica…). Vamos falar mais disso agora!

Comida vegetariana em Cuba

Eu tenho a alimentação 95% vegetariana, abro mão na viagem quando me vejo sem opção e como frango ou peixe. Viajar em Cuba não muda tanto de viajar no interior de estados do Brasil onde a carne é quase o centro do prato. As opções que eram sem carne eram carboidratos, muita massa ou pão. As principais comidas fáceis de encontrar sem envolver carne eram pizzas e massas.

Dava para pedir uma substituição de frango por ovos, adicionar mais salada, reforçar os legumes, mas nem sempre era possível por não ter tantas outros acompanhamentos. Eles vão ser sempre muito solícitos em adaptar o prato pra você.

Como falei no item acima, dependendo da cidade você pode ter mais dificuldades de encontrar legumes e verduras, então também varia de cidade pra cidade. Quanto mais turística (Varadero ou Trinidad), ou mais produtora (Viñales, Baracoa), mais opções você terá.

Havia um restaurante indiano vegano em Havana, ele fica na esquina da Rua Consulado com a Neptuno, pertinho do Hotel Inglaterra. O nome é El Shamuskiao e é uma delícia, preços justos e com uma boa variedade de pratos.

Dicas gerais

“Da estação”

Cuba é um país do tamanho de Pernambuco, tem uma produção de agricultura limitada, e com isso a comida vai ser afetada também. Como eles usam poucos agrotóxicos e alimentos manipulados geneticamente, acaba que a plantação é artesanal e funciona de acordo com o ciclo da natureza mesmo. Ou, como alguém disse, é “involuntariamente sustentável” no sentido de não interferir na natureza.

Isso faz com que os alimentos da estação vão estar MUITO presente na comida do dia a dia em Cuba. Por exemplo, quando eu fui era época de pepino. Tinha pepino do café da manhã até a janta. Teve uma vez que eu pedi um macarrão com legumes e veio com pimentão e pepino. Saiba que se esse alimento for da época, por exemplo, goiaba é a fruta da estação, vai ter goiaba em tudo.

Escassez de alimentos

Mas agora vamos para uma situação mais delicada sobre a comida em Cuba: a escassez. As cidades que são produtoras, como Piñar del Rio, Baracoa, você vai notar a diferença das barraquinha nas feiras entre a cidade que é produtora e a que não é. Na que você vai notar diversas frutas e legumes, e nas que não são, vai ser mais limitado de opções e quantidade.

Além disso, Cuba está no meio da placa tectônica no mar caribenho, sofre com ciclones e furacões. No final de 2022 o Ciclone Ian passou por partes da ilha produtoras e destruiu casas a plantações. Para um país limitado, isso é um desastre trágico.

Mas não para por ai, porque Cuba também sofre com falta de gasolina. O que quer dizer que a distribuição de comida no país é afetada, e por isso que as zonas produtoras nem sempre conseguem escoar os alimentos para as zonas não produtoras na frequência necessária.

Isso quer dizer que você não vai ter comida pra você? Não. Numa triste conversa com um pescador em Trinidad ele me contou que, como ele mora numa cidade muito turística, a comida não vai faltar. MAS que se faltar, não faltaria para os turistas. O que é triste, porque os cubanos é que deveriam ser prioridade, mas infelizmente os turistas ganham tanta prioridade que até pra isso temos “vantagem” sobre eles.

“No hay”

Com a mudança de estação e a escassez de alimentos, muitas vezes vai ver escritos no cardápio ao lado da comida um “no hay” ou um simples “no”. O que quer dizer que essa comida não está disponível. E isso pode ser comum de acontecer. Por exemplo, fomos num palada e eu comi um prato delicioso. Voltei lá dias depois e não tinha mais essa opção disponível.

Uma pessoa que conversamos na praça de Havana nos contou também que essa está sendo uma frase muito comum em Cuba principalmente pós-pandemia: “no hay”.

Cozinhar

Se você é do meu time e ama cozinhar, saiba que em Cuba isso pode ser um desafio. Muitos Airbnbs anunciam que tem a cozinha disponível para uso, mas quando eu cheguei lá o gás estava muito caro e eles estavam pedindo para não cozinhar. Se isso for importante para você, pergunte antes de reservar a casa.

🏠 Para saber sobre estadia em Cuba e alguns conselhos, escrevi tudo nesse artigo aqui oh!

Compras em mercados

Para cozinhar precisa ter comida, não é mesmo? Tem quem leve comida de casa, despache uma mala só de comida para ficar cozinhando pela ilha, mas também tem os mercados locais. Os mercados mais comuns são os estatais, grandes. Neles você só paga com cartão internacional, e os preços já estão em dólar.

Diferente do que estamos acostumados, com opções do mesmo produtos, lá é mais simples. E, além disso, tem MUITO enlatado, muito mesmo. A maioria vem da Espanha. Se quiser comprar legumes, frutas, verduras, pode comprar em feiras espalhadas pela cidade mesmo.

Nem sempre a comida de Cuba vai ser vendida nesses mercados, isso porque os cubanos mesmo recebem alimento do governo na Tienda Caracol e outras espalhadas pelas cidades e bairros. Também tem a opção de comprar por fora, em mercadinhos pequenos nas ruas.

Feiras

Essas feiras são menores do que as grandes feiras de rua do Brasil, vão ter 5 ou 10 bancadas com os alimentos expostos. Encontrei versões dessas feiras em diferentes tamanhos em quase todas as cidades. Também tinham pessoas vendendo na rua num carrinho alguns alimentos, então sempre acabava comprando banana deles mesmo.

Como você pode ver, a comida de Cuba é BEM parecida com a do Brasil, o que muda é a forma que funcionam os restaurantes e um pouco do tempero. Mas, sério, depois dessa viagem até comprei cominho porque me apaixonei!

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