O que você vai ler nesse artigo

Muitas vezes os nossos medos nos paralisam e nos fazem questionar as nossas vontades. Juliana nunca tinha viajado sozinha, sempre acompanhada. Mas tinha algo dentro dela que a chamava para viver isso. Mesmo com o medo na mochila, ela embarcou rumo a Itacaré, uma pequena cidade praiana na Bahia que a fez se enxergar com outros olhos.

Relato de Juliana Brito, de Itabuna (BA) para Itacaré (BA)

Juliana, uma estudante com recém 22 anos, uma intuição que não parava de falar no meu ouvido e uma mochila, pronta para passar 4 dias em Itacaré-BA em Dezembro de 2021. Em 2 anos de pandemia, algumas perguntas não saíram da minha mente.

“O que eu gosto afinal?”

“Preciso arranjar um estágio, vou formar logo”

“Namorei por muito tempo nessa vida, será que consigo me aventurar em algo sozinha?”

Os medos

Eu nunca tinha viajado sozinha, nunca tinha passado a possibilidade de que EU, que sempre fiz as coisas acompanhada de amigos, namorado ou família, seria capaz de VIAJAR SEM COMPANHIA.

Por isso, chamei amigas, amigos, gato, cachorro e papagaio para viajar comigo para Itacaré naquele verão. Já tinha ido em Dezembro de 2020 com meu ex namorado (guardem essa informação) e estava há meses com algo dentro de mim falando que precisava voltar para aquele paraíso. 

Como o universo sabe de todas as coisas, essa viagem estava predestinada a ser apenas eu e minha mochila. Todos que chamei tinham algum compromisso e não aceitaram. Estava com medo de ir sozinha.

“E se roubarem minhas coisas no hostel?”

“Se me julgarem por estar sozinha?”

E se eu me sentir sozinha?

Muitos eram os pensamentos completamente distorcidos da realidade que me impediam de viver essa experiência incrível. Eu não me perdoaria por não ter ido. Precisava seguir minha intuição, e no pior dos casos, se nada desse certo, era só pegar um ônibus e em 2h30min estaria em casa sã e salva.

A partida

Arrumei minha mochila, baixei todas as músicas e podcasts possíveis e levei um livro. Afinal, iria ficar sozinha, precisava me entreter nessa viagem. Iludida, coitada, não conseguiu dar play em um episódio, nem ler uma página do livro, de tantos amigos que fez.

Reservei um hostel barato e amigável e no dia 15 de Dezembro de 2021, cheguei no paraíso baiano. Logo de cara, senti que estava no lugar certo e na hora certa. Me senti em casa. Um céu mais azul que tinta Suvinil, ruas simples, pessoas sorridentes e alto astral. 

Todo o medo simplesmente sumiu.

Por volta das 16h do mesmo dia, fui ver o pôr do sol na Ponta do Xaréu com o Jama, um hippie que conheci no Hostel. Estava apreciando aquela pintura em forma de natureza ao vivo e em cores na minha frente, quando recebo um Whatsapp. Abro. Era a confirmação de que eu tinha sido aceita em um estágio home office (alô, liberdade geográfica!).

Na exata área em que eu queria trabalhar. Eu tinha aplicado para tantos processos seletivos naquele mês que nem lembrava. E quando eu começaria? Dia 20 de Dezembro.

Minha volta de Itacaré estava marcada para o dia 19 de Dezembro. O timing perfeito e naquele momento, tive a certeza do porque minha intuição tinha me mandado para aquele lugar, onde coisas mágicas acontecem.

O mundo dá voltas

Estava sendo uma experiência incrível as primeiras 12h na cidade e decidi que jantar sozinha em um restaurante pela primeira vez na vida, era o que minha alma precisava. Enquanto esperava meu poke hawaino com muito salmão e shoyu, refletia sobre como estava me sentindo completa e livre viajando sozinha.

Diferente de tudo que meus pensamentos supunham antes de ir.

Decidi então olhar no celular e ver qual dia de Dezembro de 2020 eu tinha ido para Itacaré com meu ex namorado.

15 de Dezembro de 2020. Arregalei o olho e dei uma risada. Há exatos 1 ano eu chegava em Itacaré acompanhada e agora passados 365 dias, cá estou eu. Completamente sozinha e sentindo uma felicidade plena. A intuição não erra. Se tivesse sido planejado, não sairia tão perfeito.

A viagem sozinha

Fiz amigos. Conheci Débora, uma viajante solo que ensina outras mulheres a alcançarem a independência financeira. Também conheci Milagros, uma argentina que vive da arte e viaja com a pandora, sua vira lata caramelo. E o Ben, um israelense que viajou pro Brasil depois de servir no exército. Conheci Miguel, um jornalista que trabalha com preservação ambiental. Conheci Adriana, que largou a vida CLT para se encontrar pelo mundo. E muitos outros.

Vi mais 2 pores do sol naquela viagem. Andei de bike pela rua da Pituba. Andei a pé. Fiz stand up paddle na praia da Concha pela primeira vez na vida. Fiz arvorismo na Praia da Ribeira. E saltei na tirolesa. Conversei com desconhecidos que passaram a ser conhecidos. 

Dancei. Toquei pandeiro. Nadei na praia do Resende à noite, sob uma lua cheia com os amigos recém feitos. Saí da minha bolha… me senti viva como nunca. Consegui responder as três perguntas que me fazia constantemente e abracei minha intuição e a mim mesma por ter tido a coragem de segui-la. Os melhores momentos acontecem quando não são planejados.

Fui embora de Itacaré e no dia seguinte comecei no trabalho que estou até hoje (julho de 2022). Desde então já foram +3 viagens sozinha, bastante planejamento financeiro e muita vontade de desbravar esse mundo lá fora.

A vida é vontade de mundo e a cada segundo que passa, já não estamos no mesmo lugar. Viaje mulher. Veja com seus próprios olhos as milhões de coisas boas que te esperam.

Diquinhas rápidas de Itacaré

Se for para Itacaré, não deixe de ver o pôr do sol na Ponta do Xaréu e de caminhar sem pressa pela rua da Pituba. Quinta e sexta tem música ao vivo no bar Favella Coffee Shop e é um ótimo lugar para dançar e fazer amigos.

Se quiser um agito a noite, o Bananas Hostel tem festas gratuitas de ritmos variados durante a semana com entrada gratuita.

Se estiver em busca de uma praia isolada para se desligar do mundo, vale a pena fazer a trilha que começa na Praia da Ribeira e vai até a Prainha. 

O Café Caramelo na Rua da Pituba é uma boa recomendação para um café da tarde. 


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