Viagem de barco sozinha pelo Rio Amazonas: relato e dicas

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O que você vai ler nesse artigo

Já imaginou cruzar o Rio Amazonas de barco sozinha? Para muitas pessoas essa viagem de barco é uma aventura, e para as pessoas que moram lá é um meio de transporte. Nesse relato a paulista Maíra Cordeiro conta como foi fazer essa travessia de Belém a Santarém, como se sentiu, deu dicas e mais. Aliás, o Brasil é tão grande que mudar de estado ou região é quase como mudar de país.

Siga o mesmo lema: respeite e aprenda com o diferente jeito de viver e aproveite a jornada!

Relato de Maíra Cordeiro

Foi durante meu mochilão pelo Brasil, que eu decidi fazer a travessia de barco entre Manaus e Santarém do Pará. Poderia ter ido de avião, em um trajeto de 1 hora por pouca diferença de preço. Mas a gente viaja não só pelos lugares, viaja pela experiência, por conhecer, por querer viver cada pedaço, e isso me levou a esse caminho.

30 horas dentro de um barco, dormir em uma rede com outras 200 pessoas todas lado a lado.

Rede essa que me foi doada por um francês que conheci no hostel e havia feito o mesmo trajeto, rede essa que eu depois doei para outra viajante no Pará, rede essa que hoje já não sei onde está, mas espero que nas mãos de tantos outros viajantes.

Olhei ao redor, eu era aparentemente a única turista. Me vi cercada de Manauaras e Paraenses. Eu, mulher, sozinha, turista, mochilando, com aquele monte de locais no meio do rio Amazonas. 

Talvez isso me tranquilizou: eu estava cruzando a floresta Amazônica, por 30 horas eu naveguei no pulmão do Brasil, do mundo. O entardecer, o pôr do sol por detrás do barco, abaixando em direção ao rio. Eu chorei.

Quando o medo bateu

Pelo meu histórico de ansiedade, pelo momento, pela emoção. Eu sou fascinada com o pôr do sol, mas esse era diferente. O anoitecer chegou, e junto dele, a vulnerabilidade. Me deitar a minha rede, dormindo com minha mala no meu colo. Homens me questionando o que eu fazia sozinha, pra onde ia, com quem ia, de forma que pareciam sutis, mas com um olhar que me fazia sentir medo.

Eu olhava pro lado, não tinha pra onde correr, pra quem correr. Era eu, e eu mesma. Mulher. Viajante. Sozinha. Tive que ter o jogo de cintura, inventar histórias, pedir licença e me afundar nas páginas do meu livro, sem absorver nada do que aquelas páginas diziam, apenas tentando fugir da realidade.

A noite foi quase em claro, mas o nascer do sol em meio ao Rio Amazonas chegou, e junto dele todo o medo passou.

A chegada

Eu me permiti conversar com famílias, casais… trocar histórias. Comprar uma marmita de 10,00 na parada em Parintins e comer com uma colher sentada na minha rede.

Não teve banho, que me desculpem. A troca de roupa e as vezes que precisei usar o banheiro, já foram tempo demais que eu senti longe da minha mochila, ali, sozinha no meio daquele barco. A mochila era minha casa naqueles meses, o que faria se a perdesse, ou qualquer item dentro dela?

30 horas depois, cheguei! Santarém do Pará, peguei uma carona com um casal do barco até um ponto de ônibus, de lá, mais 1:30 até meu destino final: Alter do Chão.

Ah Alter, se eu soubesse quanta beleza você me traria, eu faria essa viagem mais umas 10x se preciso. Amazonas, você foi tanto. Em aprendizado, em cultura, em beleza, em raízes, em experiências.

Viajar de barco sozinha nas suas águas me fez amadurecer de maneira que nenhuma escola me ensinou.

Dicas para viajar sozinha de barco no Rio Amazonas

Minha dica para toda mulher viajante sozinha nesse trajeto de barco é atenção com a mochila principalmente pois fica no chão junto com todas as outras. Eu dormi com minha mochila menor, onde tinham os itens mais importantes junto comigo na rede. E principalmente atenção e cuidado nas zonas mais separadas do barco, já que estamos vulneráveis e dormindo na rede junto com outras 200 pessoas.

Gostou desse relato da Maíra? Continue acompanhando ela em @viajanela_ !


Diquinhas do Elas Viajam Sozinhas

Fiz esse mesmo trajeto de barco pelo Rio Amazonas em 2018, alguns trechos sozinha e outros acompanhadas. Eu ia parando em algumas cidades que queria conhecer e 3 dias depois embarcava de novo rumo à Manaus.

A dica que eu daria é de se aproximar de famílias que estejam fazendo esse trajeto. Por sermos mulheres viajando sozinhas, as famílias acabam facilmente nos adotando. É uma forma de nos sentirmos mais seguras, ter com quem contar.

Eu também dormi com uma mochilinha com pertences de valor no colo e o resto estava no mochilão com cadeado abaixo da minha rede e dentro da capa impermeável (que faz barulho de sacola se mexerem). Aliás, depois dos dois primeiros dias no barco já me sentia mais confortável para deixar minha mochila e ir almoçar, andar, ficar no deck. A noite estrelada é alucinante!

Infelizmente, assim como a Maíra, também contei muitas histórias de “alguém que tava me esperando na próxima cidade”. Triste termos que mentir, mas é uma tática muito importante. 

Um choque pra mim, que sou do sudeste, é das pessoas jogando sacolas plásticos com comidas, remédios, roupas e outros itens no rio quando veem os ribeirinhos, que pulam nos barquinhos de madeira e saem atrás dos saquinhos com os itens. Quando vi, achei que estavam jogando sacola no rio, depois entendi o porquê. E ai entra o tentar entender outras realidades sem julgar.

Aliás, fica o convite para você conhecer as diferentes regiões e costumes do Brasil.

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