Quando a filha vai viajar sozinha, como fica o coração da mãe? Nesse texto sobre conflito de geração pelas palavras de uma mãe e a filha viajante!
Colômbia | Abril 218 – Por Rose Dogo
Foi em Novembro de 2017 que comecei a desvendar tantas coisas, que antes não entendia, não sentia, não via.
Tudo começou quando minha filha mais velha, Lanna, resolveu fazer um mochilão pela América Latina Ela juntou um bom dinheiro que daria para suprir a viagem. Pediu as contas de um trabalho que parecia muito promissor. Se distanciou de pessoas que pareciam ser para vida toda. Ela estava em conflito, e eu, em frangalhos por não entender seus motivos, e muito menos aceitar aquela decisão.
A princípio tentei argumentar, mas quando vi que ela já havia planejado, organizado, se preparado para viver esta história, respirei fundo. Fizemos alguns combinados, tentei ajudar na arrumação da mala e me esforcei para não julgar.
Ela compartilhou o roteiro comigo, eu fiquei feliz que a seguiria e saberia de cada detalhe da viagem… Só que não.
A despedida aconteceu na Rodoviária do Tietê, foi um abraço apertado, demorado, quente.
Com lágrimas nos olhos ela foi viajar sozinha, e me deixou a certeza que o olhar dela nunca mais seria o mesmo. Mas, o que eu não sabia, é que meu olhar também mudaria, ela quebrou todos os combinados, não seguiu o roteiro que fez com tanto cuidado… e foi o melhor que ela fez.
SIM … foram muitos perrengues, mas nada superou quando ela deu de cara com a solidão, e viu que a solidão é uma excelente professora, impiedosa muitas vezes, firme em outras, mas altamente eficaz. Fez com que ela olhasse para ela mesma e a fez buscar companhia no próprio interior.
Ela se redescobriu, se permitiu, se amou de uma forma única e inimaginável. Intensificou sua coragem, que sempre foi maior que o medo, e quando não foi, ela deu um jeito de segurar a barra.
Ela foi transparente comigo, me fazendo viver cada momento, sem aceitar e entender todo este processo. Nos machucamos, choramos, nos distanciamos. Meu sofrimento parecia ser interminável… minha saudade também. Foi quando ela me fez o convite:
Viagem juntas
– Quer me ver? Vamos nos encontrar na Colômbia?
Convite aceito, e agora quem impunha os combinados era ela. E lá fui eu, de mochila nas costas, hostel e sem roteiro. Foram os 10 dias mais incríveis, simples e sem planejamento que já vivi, me fez sentir viva, como uma criança que não quer perder nem um segundo. Meu dia parecia ter 200 horas. Foram experiências inéditas, eu por vezes recuava, mas ela me incentivava a experimentar algo novo.
Vi neste momento os papéis se inverterem, ela cuidava de mim como uma mãe, me encorajava a encarar as novas perspectivas; ria de mim quando eu queria extrapolar. Mas o maior presente foi quando ela me mostrou, de forma clara, mas sutil, que eu não preciso conquistar “tudo” que julgo importante. Por que isso de certa forma me escraviza e sufoca no dia a dia, para amanhã, quando for velhinha, “aproveitar a vida” com mais conforto.
Eu posso e devo aprender a viver desta forma no meu dia a dia, e isso se tornou meu lema, viver de forma leve, sem julgamentos, sem cobranças extremas, e com a maior empatia possível.
Meu Deus é maravilhoso, só tenho a agradecer o privilégio de escrever esta história, sei que muitas coisas estão por vir e nas mãos dEle está meu caminho, que ele esteja sempre entrelaçado com o da minha filha e nas mão de Deus eu coloco a tua vida.
Te amo e obrigada por me salvar de todas as formas que um ser humano pode ser salvo.
Hoje eu entendo, eu sinto, eu vejo.
Dica do Elas🌻
Quer mais?
Escute o episódio que a Rose e a filha Lanna Sanches, a mãe e a filha viajante, que gravaram sobre a viagem delas pela Colômbia no Mochileiros Sem Pauta!
Continue acompanhando a @rosedogo , a mãe da mochileira @lsdogo 🙂