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“Mostra o boy! Você esconde por quê?”, enviou-me um amigo como resposta a um story no meu Instagram. O post? Uma foto sozinha, sentada em um banco de uma pousada em São Miguel dos Milagres, no Alagoas. “E quem disse que para viajar precisa de boy?”, respondi. “Vai me dizer que você foi sozinha?” E eu não precisava ver a expressão no seu rosto para saber que era de surpresa.

Sim, João, eu vou te contar que fui sozinha. Foram duas viagens em 2021, quando me senti mais segura depois de sinais de melhora da pandemia. As primeiras desde a que havia sido a última, em setembro de 2019. As primeiras sozinha. Mas a sua surpresa é engraçada. Triste mesmo é o preconceito por mulheres que viajam sem companhia.

Começa já na busca pelas opções de hospedagem. Você preenche a origem, o destino, a data… mas o número de pessoas já está pré-selecionado como “Adultos: 2”. Me faz lembrar a Netflix, quando clico em sair e, na tela seguinte, a pergunta “Tem certeza que deseja sair?” já vem com a resposta pré-definida: Não. Parecem querer dizer o que devemos fazer. Assim como o sistema de reservas parece querer me fazer repensar: Sozinha? É isso mesmo?

Mas não me importo. Sou capaz de escolher por mim, e não o que querem que eu escolha. Abro a caixa de opções do site, escolho o número 1 no campo de adultos e começo a minha pesquisa. Vejo todas as hospedagens disponíveis, avalio preço, analiso a localização. É tão bom essa sensação de poder escolher só por mim. São as minhas preferências, o meu gosto, sem interferências e negociações.

No avião parece não haver tanto julgamento. Muita gente viaja a trabalho. É mais normal ver viajantes solos. Mas as perguntas mais recorrentes que escuto só se diferem pelo tempo verbal: “Você vai/veio/foi sozinha?”

Minha mãe se tornou minha companheira de viagens antes mesmo do meu divórcio. E, mais ainda, depois. Mas, devido à pandemia, e seus mais de 70 anos, eu não quis arriscá-la à exposição neste momento onde tudo é tão incerto. Então, a resposta é resultado das minhas escolhas, no tempo verbal que fizer sentido ao questionamento: Sim! Eu vou, eu vim, eu fui sozinha. 

E eu não vejo problema nisso. Só vejo orgulho e satisfação por essas oportunidades que eu mesma me proporciono. Porque, se você se permitir, uma viagem sozinha não precisa ser solitária. Ela é, na verdade, sinônimo de liberdade. A liberdade de escolhas e a de conhecer pessoas que talvez você não conheceria se estivesse acompanhada. 

Viajar sozinha é escrever suas próprias histórias. Não que elas não pudessem ser escritas se você estiver com alguém, mas, sozinha, elas acabam sendo mais suas do que nunca. É viver de acordo com a sua vontade, fazer o seu próprio roteiro, trilhar o seu próprio caminho e não depender de ninguém. 

Viajar sozinha é uma viagem de autoconhecimento. E dizer isso não é clichê. Mas parece que as pessoas têm medo de se conhecerem. Têm medo de ficarem sozinhas com sua própria companhia, seja em casa, em restaurantes, em parques, e não apenas em viagens. É como se isso não fosse suficiente. 

Não é que a minha própria companhia me baste. Sou um ser social, como você, que precisa de interação. Mas, às vezes, eu preciso estar sozinha. Eu, comigo mesma. E está tudo bem! Aliás, está tudo ótimo!

Nas minhas duas primeiras viagens sozinha, eu escolhi ir ver o mar. Caminhei sem companhia, com a minha trilha sonora preferida tocando no fone de ouvido. Me sentei para ler um livro enquanto o mar me observava. Tirei fotos – e muitas! Gravei vídeos, sem ninguém reclamar do tempo que isso levou. Mas também tive os momentos de ouvir histórias, de contar as minhas, de conhecer pessoas e de me divertir com elas.

Então, se você ainda acha que precisa de companhia para viajar, que tal testar a experiência de ser a sua própria companhia? Porque eu não sei você, mas eu… vou por mim!


Continue acompanhando a viajera no @aline.torrieri do perfil @cronicasdebagagem | Aline Torrieri é jornalista por formação, a marketeira por função e uma escritora em transformação. Em 2021, lançou o perfil @cronicasdebagagem, no qual pretende contar as histórias que vive e que ouve em viagens.

Esse relato foi originalmente publicado no site Crônicas de Bagagem pela autora Aline, que nos enviou o relato para também ser publicado pelo Elas Viajam Sozinhas.

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