Por um autoconhecimento mais realista: cuidado com essas 15 armadilhas

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O que você vai ler nesse artigo

Hoje em dia muito se fala sobre a importância do processo de autoconhecimento, mas poucas vezes ele é realista com o que vivemos. E, pode ser que caiamos em alguma armadilha que pode até nos distanciar de nós mesmas, de quem somos. Quero trazer reflexões e conselhos sobre esse mundo do “se conhecer melhor” de forma sincera. Bora trocar uma ideia?

Existem muitas ferramentas hoje em dia que utilizam para o autoconhecimento, e nesse outro artigo aqui eu falo de algumas muitas delas. Como silêncio e auto observação, o contato com o outro, fazer algo novo e fora da zona de conforto, aprender novas habilidades, meditação, atendimento psicológico, escrita terapêutica, longas caminhadas e trilhas, e por ai vai.

Por isso que, numa tentativa de ser mais realista, falo sobre as 15 armadilhas mais comuns que vi do autoconhecimento que podem nos afastar desse processo. Muitas vezes até nos fazer desistir dele ou de nos iludir de que ele “acabou”, como se não tivéssemos mais como nos conhecer.

Essa é uma série sobre autoconhecimento que fizemos aqui no Elas. Confira os outros artigos:

#1 | Como aliar a viagem sozinha no seu processo de autoconhecimento?

#2 | Por um autoconhecimento mais realista: 15 armadilhas [você está aqui]

#3 | O que autoconhecimento coletivo te ensina sobre o mundo


Antes de começar, no primeiro texto eu falo melhor sobre “o que é autoconhecimento“. Caso tenha caído aqui de paraquedas por aqui, recomendo ler esse texto antes caso tenha dúvida nesse tema e da abordagem que vou fazer aqui. Mas agora bora lá!

1 | Receita única pra todos

Quando começamos a querer nos conhecer, a nos observar, tendemos a seguir os passos de outras pessoas que já mostram estar nesse processo. No entanto muitas vezes esquecemos que essa é a primeira armadilha: “o que funciona para tal pessoa, vai funcionar para mim também!”

O problema é que esse autoconhecimento pode não ser realista com nós mesmas. Não existe um fórmula mágica do autoconhecimento, uma receita que vá funcionar para todos. E que lindo isso, porque autoconhecimento é justamente algo único teu, só você pode fazer por você. Só você pode descobrir quais as ferramentas fazem sentido pra ti.

É importante se testar, se desafiar a fazer algo novo, tentar aquilo que tal pessoa faz. Mas se você não gostar, não fizer sentido para você, teste outras ferramentas. Também vale se questionar se essa ferramenta é desconfortável porque está mexendo onde você precisa melhorar, ou se realmente não faz sentido na sua vida, na sua rotina. Mas caso realmente não faça sentido, busque outro hábito que faça sentido pra você.

Não desista apenas porque aquele tal método que “dá certo pra todo mundo” não é a sua cara. Quem sabe você não cria o teu método… Por exemplo, meditação pra mim não funciona sentada no silêncio de olhos fechados, mas eu achava que era assim que tinha que fazer. Até que conheci alguém que me dizia que meditava caminhando na trilha, no meio da natureza. E eu me identifiquei demais.

Pode não ser o método convencional, mas é como funciona pra mim.

2 | Fases da vida

Eu posso me conhecer hoje, mas serão tantas fases na minha vida que ainda vou viver que será que o autoconhecimento que tenho hoje fará sentido daqui uns 10 anos?

Acho engraçado observar como mudamos nas diferentes fases da vida. Quando morava em cidade grande eu me dizia ser super noturna, que era criativa de noite que odiava acordar cedo. Depois, quando fui morar perto da natureza, 6h30 da manhã meu corpo pulava da cama e as 22h estou bocejando.

Minha rotina e o meu ambiente mudaram: como eu mudei com isso? Quais foram as mudanças que notei em mim?

É preciso ser realista com o que estamos vivendo e as diferentes fases que atravessamos. Quando envelhecermos teremos que lidar com rugas, cabelos brancos, flacidez. Eu não faço ideia de como vou lidar, mas cabe a minha versão do futuro observar os sentimentos e pensamentos que surgem quando for a hora.

Ser mãe, entrar num relacionamento novo, se assumir lésbica, raspar o cabelo, mudar a área profissional… quantas são as mudanças que passamos e que podem mudar como nos enxergamos?

3 | Dedicação infinita

Eu vejo que somos seres humanos, que somos parte da natureza e ela está sempre em transformação. Observar essas nossas transformações faz parte desse processo realista e “sem fim” que é o autoconhecimento. E eu não falo isso de uma maneira pesada, porque pode parecer “trabalhoso” esse processo de autoconhecimento eterno.

Temos momentos em nossas vidas que parece que tudo vira de cabeça pra baixo: tudo muda muito rápido e não sentimos que estamos nos adaptando a tempo. Nos tira o chão, muitas vezes nos tira o senso até de quem somos. Não sentimos que podemos continuar sendo quem éramos, porque o nosso contexto todo mudou, e também não conseguimos enxerga quem somos, ou quem podemos ser. E é nesses momentos que voltamos a nos olhar com mais atenção e retomamos esse processo de autoconhecimento.

Não é para ser algo que fazemos a cada instante do dia, mas quando sentimos que é necessário, separamos um tempo para dedicar a uma auto observação. Pode ser que agora, nessa fase que estou, sinto que entendo bem minhas necessidades, limites, dores, desafios, como pode ser que eu estou numa nova etapa da vida e precise me questionar mais.

A disposição de tempo que vamos ter vai variar pra cada um, claro, assim como as ferramentas que cada um usa para se conhecer. Mas a realidade é que vamos sim ter diferentes fases da vida, e você pode olhar pra isso como uma oportunidade para aprender mais sobre você. Se surpreender, se decepcionar, conhecer novas versões de si.

4 | Somos cíclicas

Somos pessoas que menstruam e por isso somente o nosso corpo já nos oferece uma demonstração de variação hormonal em cada ciclo menstrual (normalmente 28 dias, 4 fases). Se você ovula, menstrua e observa que existem semanas em que está mais disposta, outras que está mais cansada, outra irritada e outra criativa… que tal trabalhar a favor dela?

Antes de me observar nas diferentes fases do meu ciclo eu começava novas atividades e hábitos na semana depois da menstruação, quando eu estava mais disposta. Mas era só chegar na semana da TPM ou da menstruação que eu desistia de tudo porque estava me sentindo cansada e interpretava que “tal atividade não é pra mim”.

Inclusive acompanhava homens que também falavam sobre autoconhecimento e aprendi muito com eles. Mas acabava me comparando por não conseguir ter a constância que eles tinham com alguns hábitos e ferramentas de autoconhecimento. Depois de um tempo, acompanhando mulheres que falavam sobre isso também, elas falavam de um autoconhecimento mais realista com o corpo feminino, com as fases do nosso ciclo.

Quando eu comecei a analisar melhor meu humor e o meu corpo em cada semana, aprendi que eu posso adaptar o que faço para um ritmo que meu corpo vá aceitar. Eu não preciso escrever 30 páginas de escrita terapia toda semana, talvez na semana da menstruação eu escreva 9 e absorva mais conteúdos do que crie. Ao invés de achar que era um problema da atividade, passei a adaptar aquela ferramenta para a intensidade que meu corpo pede.

Como eu posso nutrir o meu corpo com o que ele precisa HOJE?

5 | Processo linear

O processo de autoconhecimento realista não é linear.

Acompanhando os tópicos anteriores: somos cíclicas e temos diferentes fases na vida, logo, nem nosso processo de autoconhecimento tem como ser linear e estável. Vão ter momentos em que vamos estar super atentas aos nossos comportamentos, reações, sentimentos, pensamentos. E em outros essa não vai ser a nossa prioridade na vida.

Vamos ter novas relações de amizades que vão nos trazer antigos desafios à tona, desafios profissionais que a gente achou que “já havia superado” batendo de novo na porta, situações com desconhecidos que nos mostram aquele lado seu explosivo e teimoso. “Se tudo isso já aconteceu antes, por que eu estou passando por isso de novo e não sabendo lidar?”

A ideia de que esse processo vai ser linear nos machuca e nos faz duvidar de nós mesmas. A verdade é que vamos ir a voltar nas nossas dificuldades, nos nossos desafios. Dificilmente algo que você já tentou se observar para mudar não vai voltar nunca mais, porque ainda tem essa parte dentro de nós. Pode voltar quando formos colocadas em novas situações, novas relações, novas etapas da vida.

A Nátaly Neri fala um pouco sobre isso nesse vídeo “A falácia da evolução linear” com reflexões impressionantes.

Além disso, não temos nem como julgar o nosso passado com a cabeça que temos hoje, com o conhecimento de nós que temos hoje. “A minha versão de antes deveria ter dito tal coisa, ter agido de tal forma”. Mas ela não sabia o que você sabe hoje. Esse processo não é linear e não tem como comparar a sua trajetória com o que sabe agora.

6 | “Eu sou assim mesmo”

Ou pior, no caso da gentileza extrema, aceitar os lados ruins como “imutáveis”. “Eu sou assim mesmo, sou teimosa”, mas como ser assim te faz inflexível como pessoa nas suas relações? Qualquer tipo de relação, seja ela amorosa, de amizade ou até família, exige renunciar controle.

É preciso ceder para encontrar um meio termo. E estar ao lado de que quer que tudo seja sempre do jeito da pessoa é um pé no saco. Será que ser assim não te torna uma pessoa mais isolada de redes de apoio? É importante saber o que quer, defender o que quer, mas saber abrir mão do controle também.

E, claro, não culpe os terceiros por ser do jeito que é: “aprendi com minha avó a ser assim”, “a culpa é do meu signo em áries que me deixa assim”. Não existe um “sou assim e não vou mudar” porque nós mudamos toda a vida. E o melhor ainda é quando mudamos algo em nós sabendo que é algo que nos prejudica.

Tem uma frase da Rita Von Huty em #Provoca que ela diz: “Não estou interessada em saber quem sou. Quem eu sou me estaciona, quem eu posso ser me mantém em movimento.” Você é mutável, você vai mudar a vida toda, não estacione em uma versão de si.

7| As sombra e sentimentos que ignoramos

Autoconhecimento realista também não é só olhar para as nossas partes boas, nossos lados agradáveis. Mas tem como se conhecer realmente só vendo o que somos na parte positiva?

É também sobre se observar estressada, mimada, reclamona, procrastinadora. Ou até mesmo aquela parte nossa que sente inveja, ciúmes. Ao invés de ignorar esses nossos lados e sentimentos ruins, senta com eles, se questione, analise. Pense nos motivos de se sentir assim, o que vem à mente quando pensa no porquê sentiu o que sentiu, ou agiu de tal forma.

Por que será que eu senti inveja dela? O que eu admiro nessa pessoa? Como eu posso lidar melhor com o meu ciúmes?

As parte que queremos ignorar e muitas vezes que não queremos que os outros não conheçam sobre nós. E podemos até esconder de nós mesmas. Por isso o desconforto de olhar pra elas por muito tempo, e acabamos focando mais no que é confortável, que são nossas partes boas, nossas qualidades. Mas, como dissemos no começo, isso não se conhecer a fundo mesmo.

A Gabi Oliveira comentou nesse vídeo aqui no YouTube sobre como foi o processo dela com a terapia e de olhar para o que está doendo. “Minha psicóloga falou isso e eu nunca mais esqueci: se você tem uma parte que você não quer mexer, não é porque você é forte, essa parte é a que te torna mais vulnerável“.

Caixinhas guardadas a sete chaves

Muitas pessoas também carregam consigo memórias ruins da própria história, traumas. E, claro, doem de olhar, de encarar. Se não se sente preparado para abrir essa caixinha dentro de você, não abra. Se sentir que precisa de ajuda para lidar com isso, com alguém da sua rede de apoio, com uma psicóloga: vá atrás.

Pedir ajuda é também saber quando precisamos de um outro alguém ali, seja nos apoiando, nos ouvindo, nos aconselhando. Passar por algumas experiências sozinhas quando, na verdade, precisamos de ajuda, pode nos ferir de outras formas.

8| A cura tá logo ali

E entrando nesse tópico logo em seguida porque muitas pessoas vendem o autoconhecimento como uma cura para todos os seus problemas. E ele pode te ajudar sim, mas não é um “tratamento” com garantias. Ele pode até piorar alguns sentimentos, porque antes de entendermos eles, precisamos olhar pra eles e para as partes “feias” dentro de nós. E isso dói.

Enquanto não olharmos tempo o suficiente para essas ações que fizemos e não gostamos, algum pensamento ou sentimento desconfortável, elas vão continuar se repetindo. É preciso entender de onde vem esses padrões e hábitos para repensar, para começar a mudar os hábitos.

Num processo de autoconhecimento realista é interessante olhar para isso justamente como um processo. As tais respostas que busca dentro de si podem demorar para surgir, o sentimento ruim pode durar mais tempo do que queria, aquelas feridas tenham aberto mais e você não sabe mais lidar sozinha.

Esse processo pode proporcionar cura sim, mas não é algo rápido, simples e prático.

9 | Reconhecer que precisa de ajuda

Muitos momentos entramos em contato essas partes que doem, que não gostamos, e não sabemos mais como fechar aquela ferida. Que não consegue olhar pra ela sozinha. Será que você não precisa compartilhar isso com alguém de confiança da sua rede de apoio, amigos, família, ajuda profissional?

Compartilhar com outra pessoa, ser acolhida, ser ouvida e nos ouvir, já pode amenizar o sentimento que temos. Além disso, colocar esses sentimentos e pensamentos confusos pode nos fazer entender o que se passa dentro de nós.

Ser realista e sincera com você mesma nesse processo do autoconhecimento também é uma forma de exercitar o seu se conhecer.

Ou então, será que uma psicóloga não possa te ajudar? São pessoas que estudaram como lidar com essas situações, vão fornecer questionamentos que vão te apoiar nesse processo. É preciso reconhecer e ser realista também quando precisamos de buscar acolhimento e auxílio de outras pessoas.

10 | Abrir mão do controle

Ninguém quer ser lembrado negativamente por outra pessoa. No entanto, não tem como estar bem todos os dias, colocar um máscara de sorriso sempre. Temos nossos dias que não estamos bem, que acordamos irritadas (TPM, é você?), que somos mais ríspidas, que somos grossas com alguém, ou fazer um comentário indelicado.

Por isso, vão ter pessoas que vão passar pelas nossas vidas e vão acreditar que aquela versão curta que tiveram de nós é o que somos. E isso não temos como controlar, porque cada um vai ter uma impressão de nós. Mesmo sendo você mesma, vão ter pessoas que vão ter boas e más impressões de você.

Abrir mão da ideia de que você é uma boa pessoa na história de todo mundo pode doer, mas é uma dor necessária para te fazer largar máscaras sociais que tinha só para agradar. Claro, aqui não estou falando para destratar ninguém, o mínimo de respeito sempre.

Mas se está se sentindo irritada e quer ficar só, mas se força a sair com os amigos para “não ser a chata”, pode ser que exploda com eles. Seja realista com você mesma e com o seu processo de autoconhecimento, entenda o que está sentindo e o que precisa no momento.

11 | Auto-crítica e auto-gentileza

Mas também vale se questionar se esse sentimento é uma fuga ou se realmente é o que você precisa fazer.

Existe a auto-gentileza, onde você realmente se cuida com amor e carinho. Lindo demais isso. O problema disso é quando nos tratamos com tanto amor e carinho que não nos impulsionamos a superar desafios. Às vezes nos sentimos travadas a arriscar algo novo e que sabemos que seria bom pra gente.

Ao invés de nos incentivar, começamos a nos dizer: “ah, talvez não seja a hora”, “se eu realmente quisesse não sentiria medo”, e por ai vai. E sabe de uma coisa? Sempre vai ter uma pontada de medo em tudo que é novo.

E a auto-crítica é o inverso disso, quando estamos a todo momento nos criticando duramente, nos colocando pra baixo. Vemos um desafio, nos olhamos, travamos e imediatamente começamos a pensar: “nem isso eu consigo fazer”, “eu sou muito medrosa”, “eu nunca consigo fazer nada”…

E o que isso tem a ver com autoconhecimento?

Nesse processo de autoconhecimento temos contato com lados nossos que até então passavam desapercebidos. E muitas vezes vamos nos tratar com gentileza e com crítica, e as duas são muito importantes. É essencial nesse processo se abraçar, se entender, se aceitar, mas principalmente saber ser crítica com você mesma.

Ambos fazem parte do processo de saber reconhecer o que tem de ruim em nós e ir atrás de mudar tal coisa. O ruim é quando nos deparamos com algo em nós e só abraçamos ou só criticamos, sem ter um equilíbrio ali. Essa é a parte realista do autoconhecimento, não tentar nos enganar nos aceitando demais e nem sendo duras demais no nosso processo.

12 | Competição de processos

Nas redes sociais todos estão contando suas histórias, suas visões de mundo, mostrando sua rotina. Olhando aquela pessoa que medita ao acordar, a outra que faz yoga, uma outra que corre logo antes do trabalho, ou então a conhecida que faz de tudo todo dia, aquela que abre suas feridas em textos pra todos lerem… como não se comparar?

E hoje em dia parece até mesmo que o autoconhecimento virou uma moeda para se comparar. Como se, na nossa cabeça, existisse um ranking “das pessoas que mais se autoconhecem”. Quando isso não existe e nem tem como comparar. Comparar a sua história, o seu processo com o de outra pessoa, é injusto com você.

Tirando que dificilmente vemos alguém compartilhando algo ruim do processo de autoconhecimento, gerando até mesmo uma romantização desse processo que pode sim ser doloroso. E ao ver que aquele processo está fazendo tão bem pra ela (aparentemente), queremos copiar para ter os mesmos resultados.

É como se fizessem um checklist do que você TEM que fazer para se autoconhecer, e tem que ser AQUELE que tal pessoa fez para atingir AQUELE resultado. Ou então, encare tudo isso como um punhado de opções para você escolher qual faz mais sentido pra você. Que é o objetivo da séria de viagem sozinha e autoconhecimento, te dar ferramentas.

Vá fazendo o que faz sentido pra você, o que você gosta, o que não gosta. Vai se desafiando, se descobrindo e vai no seu ritmo. Não é uma competição e nem tem prêmio no final, porque, como falamos aqui, logo logo começa tudo de novo. Se a gente olhar mesmo, sendo realista com a gente mesma, sabemos que o autoconhecimento do outro não é comparável com o de ninguém.

13 | Autocuidado e autoconhecimento

E nesse balaio de checklist do autoconhecimento, paparicar a si mesma, veio também a onda do autocuidado. O que, não quero que me entenda errado, é importante também. Porque o autocuidado vai além de passar argila no rosto, vai de entender sobre como o seu corpo físico funciona e como você pode fazer para ajudar ele.

Por exemplo, minha pele é oleosa, então talvez eu precise lavar com água fria, hidratar, esfoliar e por ai vai. Tem peles sensíveis que não podem nem ver bucha de banho. E agora, indo mais “fundo”, o que na sua alimentação precisa mudar? Quais são os alimentos que contém os nutrientes que o seu corpo precisa?

E também sobre exercícios físicos, movimentar o corpo pra não enferrujar – como diria minha avó. Você tem movimentado o teu corpo para que ele se fortaleça? Tem alguma parte sua já frágil (como meu joelho) que precisa de mais atenção? Você cuida do seu corpo fisicamente?

É sobre equilíbrio. E não digo só de ter uma alimentação pensada SOMENTE no que o corpo precisa, porque o coração também come e aquele chocolate na TPM é essencial. Assim como tirar um dia sem grandes exercícios físicos também são importantes pro corpo, mente e coração descansarem. Equilíbrio.

E eu acho que essa é a diferença entre autocuidado e autoconhecimento. O autocuidado vai fazer parte de um braço do autoconhecimento, porque é preciso se conhecer para se cuidar. Mas ficar apenas no autocuidado não necessariamente vai te levar para trabalhar questões internas, sentimentais, desafios que está passando.

É uma ferramenta, como tantas outras.

14 | Comercialização do autoconhecimento

O único problema do autocuidado atrelado ao autoconhecimento é que ela é vendida. Ou seja:

  • “Compre aqui o ebook com receitas saudáveis”… sendo que você precisa ter é organização de tempo para cozinhar.
  • “Pague tal aplicativo para fazer yoga constantemente”… mas você prefere esportes com bola e exercícios coletivos.
  • “Esse livro aqui tem TODAS as respostas para os seus desafios”… na verdade você nem sabe qual é o teu desafio atual.
  • “Essa linha de tratamento skincare é tudo o que você precisa para acabar com as suas espinhas”… ou será que as suas espinhas são parte do seu ciclo menstrual e sempre que você come produtos derivados do leite ela aparece?
  • “Esse curso de meditação vai te ensinar a ter mais paciência”… mas no seu trabalho tem muitos casos de assédio moral e isso NÃO É pra ter paciência.

Entende que antes de comprar algo que promete te ajudar, você precisa entender ONDE e COMO precisa ser ajudado?

Sair da zona de conforto é importante, claro, se arriscar algo novo até para saber o que gosta ou o que não gosta. Mas, para quem não se conhece, toda e qualquer promessa parece tentadora e imperdível. Se a pessoa tem a curiosidade de tentar algo novo, incrível. Se caiu de paraquedas e na verdade só quer aquele resultado, se questione. Seja realista com o que vive e com o seu processo de autoconhecimento.

15 | Ficar apenas no individual

Tudo o que falamos aqui parte muito da pessoa olhando pra ela mesmo, certo? Mas como olhar pra si mesma te ajuda a olhar o outro?

Eu gosto de olhar o processo de autoconhecimento também como uma forma de nos enxergarmos no mundo. Como eu, uma mulher branca cis, sou enxergada nesse mundo? Quais são os meus desafios sendo como sou? Quais são os desafios de outras pessoas?

E a partir desse olhar pra mim, mas olhando pro coletivo, posso ouvir e pensar também na realidade de outras pessoas. Quais são os desafios de uma mulher muçulmana no Brasil? E para as indígenas? Negras? Pessoas com deficiência?

E isso, claro, a partir de ouvir as histórias de vidas de outras pessoas, não apenas supor. O processo de se conhecer é também conhecer o outro. Não é um caminho totalmente individual. É sobre esse assunto que eu aprofundo no último texto dessa série: como o autoconhecimento coletivo te ensina sobre o mundo?

Pra finalizar

Essas foram algumas das armadilhas de autoconhecimento que cai e vi por ai. Falei aqui de uma forma mais realista do autoconhecimento e que vai por vezes te oferecer mais instabilidade, mas que mostra um processo do se conhecer mais real. Esse é um processo individual, gostoso e por vezes difícil. E, como eu disse, não acaba. Eu mesma enquanto escrevo esse texto estou tendo que me refazer toda, me reconhecer enquanto passo pela famosa crise dos 30.

Se quiser ouvir histórias de mulheres viajando sozinha e autoconhecimento, vem aqui que você vai se deliciar com esses textos!


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