Fazer um trekking não é tarefa fácil, fazer uma trilha num vulcão ativo como o Lascar, menos ainda. O Lascar é o vulcão mais ativo do norte do Chile, com uma cratera que solta fumarolas constantemente e fascina pessoas ao redor do mundo. A mistura de curiosidade, aventura e adrenalina convida viajantes para ver de perto a força da natureza.
Nesse artigo, vou te contar como foi subir o Vulcão Lascar, te dar dicas de que roupa usar, quando ir, o que levar e muito mais. Além da parte prática, vou te contar também o motivo que Lascar significa língua de fogo na língua kunza, dos lickan-antays, povo originário atacamenho. A lenda por trás do vulcão e festividades que fazem para as divindades das cordilheiras.
Por isso, antes de fazer sua mochila para encarar o trekking do brabo Vulcão Lascar, te convido a ler esse artigo e ter todas as dicas necessárias para uma viagem tranquila. Aliás, fica aqui com um guia completo de viagem para o Chile e um bom desconto de viagem em passeios de Santiago e San Pedro de Atacama.
Buen viaje!
Como se preparar para subir o Vulcão Lascar?
Como um trekking de altitude como o Vulcão Lascar não é tarefa fácil, é preciso fazer uma aclimatação adequada. Pelo menos por 3 dias, faça outros passeios em San Pedro, de preferência um ou outro com altitude como os Geysers (4.320m) e Piedras Rojas (4.000m) para seu corpo adaptar.
Para ter uma boa e rápida aclimatação, o ideal é ajudar o seu corpo a se adaptar a ter menos oxigênio. Evite comer carnes vermelhas e gordurosas, comidas que pesam a digestão. Não tome bebidas alcóolicas e beba o dobro ou triplo de água que está acostumada a beber. Corpo hidratado se adapta mais rápido a altas altitudes e você pode ter menos sintomas.
Quanto à esforço físico, o trekking do Vulcão Lascar é de nível pesado, com média de 2h30 de subida e 1h de descida. Caminhamos poucos quilômetros, mas o tempo de trekking triplica na altitude e parece que você ficou 10h tentando chegar à cratera.
Se você for sedentária, não fizer nenhum tipo de exercício físico, considere repensar o trekking do Vulcão Lascar. A trilha em si, o caminho, não é difícil, mas a altitude piora tudo. E para corpos que não estão acostumados a se exercitarem, essa não é a melhor forma de “acordar” o seu corpo.
Como funciona a trilha do Vulcão Lascar?
O carro da agência passa bem cedo nas casas para buscar as pessoas que vão encarar subir o brabo. Entre 4h30 e 5h30. Depois, partimos até os pés da Laguna Lejía, uma das paisagens mais impressionantes. O lago espelhando as montanhas, os animais ali nos pés da lagoa.
A 4.325 m de altitude, o café da manhã já é um teste para o seu corpo ir se adaptando a subir o vulcão. Se você sentir qualquer dificuldade, comunique ao seu guia. Com o café da manhã reforçado e uma pequena caminhada na altitude para o seu corpo assimilar, vamos para os pés do Vulcão Láscar.
Antes, passamos pelo povoado de Talabre, aos pés do Vulcão Lascar, para fazer uma espécie de check in e ir ao banheiro. Alguns minutos depois, o nosso carro chega o que parece ser perto do topo, mas, na verdade, são alguns quilômetros que parecem intermináveis.
A subida é árdua, terreno arenoso, com algumas pedras que precisam de atenção para não torcer o pé. É preciso subir colocando um pé na frente do outro, em passos lentos e ritmados. Dando profundas respiradas e bebendo água a cada parada para se hidratar. Não se chega ao cume com pressa, é necessário calma.
A descida é mais tranquila, mas ainda assim é preciso ter controle do corpo e não apenas se jogar com o peso da gravidade vulcão abaixo. A subida é de aproximadamente 2h30, enquanto a descida é de 1h. Não corra e aproveite a paisagem no final do trekking do Vulcão Lascar.
Quem pode subir o Lascar?
Todos podem subir, mas nem todos. É preciso assinar um termo de responsabilidade individual, mostrando que você está ciente dos riscos físicos e imprevisibilidade do vulcão. Cada agência tem suas exigências, a Fui Gostei Trips aceita viajantes a partir dos 17 anos completos desde que acompanhada de um maior de idade responsável.
Não tem idade máxima, mas é preciso bom senso de quem quiser se arriscar no trekking do Vulcão Lascar. Aliás, se você tem qualquer condição física, problema respiratório ou cardíaco, informe à sua agência e ao seu guia. De preferência, consulte um cardiologista, faça exames e pergunte ao seu médico sobre a possibilidade de fazer essa trilha.
Dicas para trilha na altitude
Ao sair do carro você já vai sentir a altitude fazendo efeito junto com as rajadas de vento. É importante ter três coisas em mente, continuar bebendo água para ajudar o seu corpo a se regular na altitude, continuar respirando fundo, não andar rápido e nem dar passos longos.
Seguindo esse pequeno guia, você chegará à cratera. Com calma, ouvindo os sinais do seu próprio corpo, e muita paciência. Aliás, é importante estar em comunicação com o guia, falando caso você tenha um sintoma, se está tendo dificuldade.
Por outro lado, se você está se sentindo super bem, melhor do que nunca, também não abuse. Não corra ou faça nada ousado. Por mais que você esteja sem sintoma, o seu corpo está tentando se adaptar à altitude e a funcionar com menos oxigênio que o normal, não force nada.
Inclusive, uma semana antes da minha subida ao Lascar, um alemão teve uma parada cardíaca e faleceu ali mesmo. Ele subiu até o topo e foi descer um trecho correndo quando seu coração não resistiu. A altitude não é brincadeira, leve a sério!
O que levar na trilha para o Vulcão Lascar?
É preciso levar 1 litro de água para subir com você até a cratera. E eu recomendo deixar também uma gatorade ou água no carro para beber quando descer e na volta pra San Pedro de Atacama. Se manter bem hidratado é uma das melhores formas de diminuir os sintomas do mal de altitude, principalmente a dor de cabeça.
Para se proteger do sol intenso, mesmo que seja no inverno, passe protetor solar antes de sair e leve óculos de sol e/ou chapéu. O ruim do chapéu é que com as rajadas de vento eles podem sair voando vulcão abaixo. Inclusive, com a forte ventania, seus lábios podem sofrer e ter um protetor labial pode te salvar desse desconforto de lábios rachados.
Fora isso, leve alguns petiscos salgados e doces para a subida e também para a volta de carro. A sua mochila não tem que ir pesada, leve com você Vulcão acima somente o que realmente precisar, não leve peso à toa. O ideal é deixar uma outra sacolinha dentro do carro com bebida e comidinhas pra volta.
As agências costumam emprestar bastões de caminhadas, como a Fui Gostei Trips, não precisa se preocupar com isso. Eles também dão capacete para cada um, por segurança mesmo.
O que vestir para subir o Vulcão Lascar?
Algumas agências, como a Fui Gostei Trips, oferecem equipamentos para a trilha, como luvas, casacos (caso precise), protetor de pescoço. Porém, se você tiver roupas adequadas para a trilha, leve as suas. As da agência podem ficar grandes, desconfortáveis, e você precisa estar o mais confortável possível.
Mas que roupas levar? Dependendo de quando você subir o Lascar, a temperatura vai estar entre frio e frio extremo. O clima é desértico, muito seco, com sol intenso, mas também a altitude disfarça com muitas rajadas de vento geladas.
No verão, frio e as três camadas de roupa bastam. A primeira é térmica, que segura o calor do seu corpo. A segunda, é uma camada de lã ou outro tecido que te aquece. A terceira é para evitar que o frio e vento de fora entrem, como corta-vento e impermeável. Como você vai estar andando, por mais devagar que seja, pode sentir calor e querer “brincar” com as camadas, tirando uma, colocando outras.
No inverno, o frio extremo vai exigir boas camadas de frio, talvez uma camada a mais. Adicionando luvas, toucas, protetor de pescoço que vá até perto dos seus olhos para proteger o seu nariz. Entre estações o clima é de muito frio, não tão fresco que nem verão, e não tão rigoroso igual o inverno.
Nos pés, tenha sapatos confortáveis e específicos para trilhas e longas caminhadas. Evite usar sapatos retos que não tem nenhum tipo de antiderrapante. O conforto dos pés na trilha muda toda a experiência e o quanto você consegue aproveitar o caminho.
Quando subir o Vulcão Lascar?
O Lascar pode ser visitado em todas as épocas do ano, mudando apenas as condições climáticas. No verão, apesar de ser temporada de “chuva”, a região é desértica e as chuvas são bem esporádicas. O clima é mais fresco e você não precisará subir o vulcão igual um pinguim de tantas camadas de roupa, que é o que acontece no inverno. Nas meia estações é um meio termo entre verão e inverno, será frio, mas não tão frio.
Mas se é um Vulcão, ele pode entrar em erupção? Sim, o Lascar é um vulcão que ainda é ativo e que é monitorado sobre os riscos de entrar em atividade. Caso esteja com alerta, as agências irão te informar sobre a impossibilidade de subí-lo. A última erupção foi em dezembro de 2022, na qual o vulcão arremessou uma nuvem de poeira e gases tóxicos a mais de 6 mil metros. Para isso, as agências recebem boletins de segurança do SENATUR e a partir disso montam seus grupos de subida.
Como os locais enxergam o Lascar?
Só subir o Vulcão Lascar em si, sem saber da história dele e da importância para a comunidade local é só enxergar um vulcão ali. O Lascar é muito mais que isso, não é só um Vulcão, ele é um guardião, uma divindade. Na cosmovisão lickan-antay, o povo originário do Atacama, o Lascar é o pai de todas as montanhas daquela região, o protetor de todos da comunidade.
Para você ter uma ideia da importância dele, após algumas atividades vulcânicas intensas, os povoados perto foram intimados a evacuarem. Eles se negaram. Para eles, morar perto da divindade Lascar era uma honra. Se afastar dele seria se afastar da própria fé.
Lenda de Lascar
Como falei, o Lascar é pai de todas as montanhas e vulcões da região. Entre eles, tem Licancabur, que significa a “montanha do povo”, e Juriquez, “o descabeçado”. Licancabur estava apaixonado por Kimal, uma montanha da região. Com o amor correspondido, os dois começaram a ter um relacionamento.
Porém, Juriquez, também estava apaixonado por Kimal e tentou uma aproximação. Isso deixou Licancabur furioso e isso rendeu uma grande briga entre os irmãos. Lascar, que significa “língua de fogo”, não ficou nada feliz. Entrou em erupção para acabar com a briga dos dois, descabeçou Juriquez e levou Quimal para a Cordilheira de Domeyko, longe dos dois para evitar brigas.
Os irmãos choraram, choraram, choraram. Disso nasceram as Lagunas Branca e Verde, que ficam aos pés dos dois. Licancabur foi até Lascar pedir para que ele trouxesse Kimal de volta para ele. Depois de muita insistência, Lascar concedeu um reencontro anual.
Todo ano, no solstício de inverno, perto do dia 21 de junho, a sombra de Licancabur toca os pés de Kimal e eles se reencontram. Essa data é comemorada pelas comunidades locais, que fazem rituais de fertilidade, do amor e de devoção às montanhas e vulcões.
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