Viajar pelo norte do Chile reserva uma surpresa: a altitude no Atacama. Subir um vulcão então, mais ainda! Nesse relato a viajante Carol nos conta como foi subir o vulcão Cerro Toco.
San Pedro do Atacama, Chile | Maio 2018 – Por Carolina Oliveira Tieppo
Dia 05 (18/05/2018):
Eu nunca tinha subido um vulcão, mas a ida para o Atacama me instigou desde quando estava aqui em SP pensando nas possibilidades de passeio. E doida para conhecer de tudo um pouco, fui colocando passeios dia após dia no meu roteiro, uma loucura dar conta de tudo. Mas eu só tinha esquecido que estava numa viagem de 90 dias, algo que nunca havia feito na vida. Não é o mesmo ritmo de uma viagem de férias né?
Eu resolvi que queria ir para o Atacama e subir dois vulcões, sai do Brasil com os dois em mente. Na chegada, na agência, descubro que só vou poder fazer a subida de um deles, pois o outro (Lascar) segue em alerta amarelo, impossibilitando tal subida. Ok! Já surge aí uma bela de uma desculpa para voltar para o Atacama.
O que é alerta amarelo? Como no Chile tem alguns vulcões ativos, eles têm serviços do governo que ficam monitorando todos eles. O país se encontra bem entre duas placas tectônicas, que deram a formação também à Cordilheira dos Andes, e por isso é importante eles estarem preparados para caso haja um aumento de abalos sísmicos e terremotos.
Altitude
Não subi o Lascar! Mas, encarei o Cerro Toco!
Tudo estava no controle até descer do carro e começar a ouvir o grande guia Elias, e aí … a pressão alterou, a visão ficou turva / embaçada e a força foi sumindo aos poucos junto com o ar que teimava em não entrar no pulmão. Tive que sentar no chão, recuperar a energia.
Após uma pausa, os meninos me chamam, “está pronta?” eu respondo “vamos”. Levanto aos poucos, fico em pé. A fraqueza insiste, preciso sentar novamente. Sentada tudo parecia lindo, era levantar, que tudo ficava girando. Isso tudo antes do início, e eu só consegui pensar: “ que belo começo hein, Dona Carolina?” Em 5200m de altura está liberado.
Os guias Edmilson e Elias me ajudaram e tudo se tornou mais fácil. Coisa louca isso do nosso corpo que não conseguimos controlar. Depois disso, fiz parte da trilha, uma bela subida, sem conversar com ninguém, apenas cuidando de meus passos e minha respiração. Domar nossos pensamentos, nosso corpo, impor nossa presença e mostrar por onde queremos ir.
A subida de apenas 1,6km seria tranquilinha se não fosse essa tal de altitude. Desafios e mais desafios, o vento forte quase me tirou da trilha por algumas vezes. Tudo foi superado quando cheguei ao topo. Sim! Nós conseguimos!
Os movimentos precisam ser leves e coordenados, qualquer mudança abrupta pode te levar para o chão, você pode se sentir mal. O levantar e abaixar precisa ser devagar. Não dava pra esquecer que estávamos em 5.604 m de altitude. O abraço da chegada dos 3 que estavam nessa missão foi de muito carinho, respeito e satisfação!
Leia esse artigo com dicas importantes para não sofrer com o mau de altitude em viagens!
Apoio dos outros viajantes
É interessante como as viagens intensificam tudo. Pessoas que se conheceram ali, poucos momentos depois e já se tornam parceiros para grandes missões e desafios. Ou simplesmente duplas, trios, grupos para uma conversa, um almoço/jantar ou qualquer ação para deixar cravado algum momento na nossa história.
E aos poucos, com o passar do tempo, fui percebendo cada vez mais que sim, viajar é mega bom, mas cansa também. E aí tive que repensar. Aceitar que temos nossos limites, ainda que numa viagem. Sendo eles físicos ou mentais de alguma forma vão nos atingir e se não cuidarmos: o que era pra ser bom, pode se transformar em algo assustador.
Mesmo no limite, às vezes seguimos sem dar tanta bola, sem pensar nas consequências, mas é preciso respirar e levar em conta todos os aspectos envolvidos. Nessa mesma trip tive que desistir de alguns trekkings, pensando na minha saúde. Foi bem decepcionante, fiquei arrasada, mas hoje sei que foi o melhor a ser feito naquele momento. O corpo às vezes pede calma, paciência… e vida que segue, não é mesmo?
Dica do Elas 🌻
Cuidado com a altitude, observe o seu corpo, a sua respiração e não se force em nenhum momento. Beba água, se possível, chá de coca antes de subir e leve folhas secas de coca ou bala para poder amenizar a dor de cabeça, enjoos e tonturas também 🙂
Continue acompanhando a @vivertrips – Viagem como instrumento de transformação. Despertar dos sentidos, emoções e ações.