“Eu sou capaz de lidar com meus medos”

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Florianópolis, Santa Catarina | Fevereiro 2019 – Por Sylvia Frida Szterenfeld

Viajar sempre foi o meu sonho, mas desde sempre sabotei isso de algum jeito. Porque não tinha dinheiro, porque não tinha experiência (como não tinha grana, saí de São Paulo poucas vezes e nem sabia pegar praia). Porque tinha medo. Além disso, tenho transtorno de ansiedade – já foi tão grave a ponto de achar que, só por estar em um ambiente, eu causava um incômodo em todos ali e que ninguém gostava de me ter por perto.

Quase dois anos de terapia depois, estava no final do estágio e percebi que tinha um dinheiro guardado que me permitiria viajar. E cinco dias depois, estava com passagem comprada pra Florianópolis e hostel fechado. Minha mãe ficou em pânico, com medo de acontecer algo, e eu mesma me perguntei se estava louca.

Recebi MUITO apoio e ajuda de um grupo de mulheres viajantes no Facebook, e me sentia capaz de fazer isso. E no fim, Floripa me ensinou que sou muito mais capaz de lidar com meus medos do que eu imaginava. Me ensinou que eu posso puxar papo e me divertir com pessoas desconhecidas.

Aprendi isso no lugar que eu menos gostei. Fui para as Piscinas da Barra da Lagoa com a galera do hostel, o que teoricamente seria uma trilha fácil. A parte física foi tranquila, mas esqueceram de me falar que lá era cheio de pedras. O problema é que eu morro de medo de pular de pedras, mesmo que estejam perto. O que significa que eu travei bem nas piscinas kkk

Mas eu já tinha feito a trilha. Já estava na cara da piscina. Eu ia desistir por causa de um medo que eu sei ser irracional? Não! Descobri ali que eu não ia perder a chance de ter uma experiência nova só por medo. Em todos os lugares que tinha pedra, eu pedi para alguém me apoiar. Nos lugares que tinha lodo e deu medo de cair, eu sentei e usei de escorregador!

Não curti a piscina, esperava mais, mas o importante é que eu estive lá. Eu entrei na água, sai da água e vivi essa experiência. Sem medo de me julgarem pelos meus medos, sem medo de incomodar ou de me julgarem pelo meu corpo. É isso que importa.


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