Por Lua @lascivaluaaa
Passei dois meses e meio no Brasil e uma coisa que me surpreendeu foi o número de mulheres que me perguntaram se meu companheiro “não se incomodava” por eu estar viajando sozinha. Entendo a curiosidade, mas me assusta a ideia (tão normalmente aceita) de que quando estamos num relacionamento o outro tem direito de regular os nossos passos.
Sim, um projeto de vida compartilhado inclui caminhar juntos, conversar sobre as próximas jornadas, mas me assusta demais o senso comum que nos diz que é normal PRECISAR da autorização do outro pra coisas que deveriam ser simples como, por exemplo, viajar sozinha.
Desde muito nova, quando eu ouvia alguma amiga dizendo “não vou porque meu namorado não deixa” alguma coisa se revoltava dentro de mim. Porque, especialmente em relações heterossexuais, esse direito assumido de governo do outro sobre nossa vida, nossas roupas, nossas amizades é desigual: mulheres herdam muito mais restrições.
E deixa eu contar uma coisa pra vocês: esse tipo de controle não é nada afrodisíaco. Brincar de dominação e submissão na cama é uma coisa, aceitar a submissão na relação é outra. O ressentimento vem. E poucas coisas acabam com a libido de maneira tão eficiente quando o ressentimento.
Desejo tem a ver com expansão, você deseja ir além de você, atravessar a ponte que te separa do outro. Mas quando constantemente seus movimentos de expansão são podados pelo outro ou por causa do outro, você começa a olhar pra ele não como quem vê um amante, mas (ainda que inconscientemente) como quem vê um algoz. O desejo precisa de ar pra pegar fogo.
❤️🔥 como você se sente quando tentam te controlar e regular sua vida, deusa?
💥 | Esse texto foi publicado no perfil da Lua @lascivaluaaa e ela nos autorizou a repostar aqui para vocês! Esse mesmo texto também está no site, se quiser ler por lá 🌵
