A viagem é imprevisível, e nunca se sabe se um amor de mochila vai aparecer na próxima rodoviária. Essas paixões intensas surgem e às vezes se vão na mesma intensidade. Só sendo uma pessoa intensa, como Mafê, para escrever disso.
Foto por Dave Ruck no Unsplash
Amor e viagem
Texto escrito por Maria Fernanda Romero do @culturanavegavel
Outro dia me perguntaram se em tantos lugares que eu passei eu nunca conheci ninguém especial. A verdade é que conheci varias pessoas que fizeram meu coração bater mais forte. O problema é ir embora e levar um pedaço desse “ amor impossível” na mochila.
Não sou muito boa nessa coisa de relações. Ainda mais quando mistura com viagem. Eu sou sozinha, independentemente, um pouco egoísta. Ás vezes quero mudar e virar o oposto. É que tudo é muito intenso por aqui.
Mas não é que um dia desses conheci um menino que topou atravessar comigo o país numa van apertada? E por mais que eu temia como ia ser essa coisa de compartilhar o tempo, a comida e a cama apertada, foi tudo muito bom. Dividir também faz parte do aprendizado.
Mas isso também me fez perceber que só existe um amor na minha mochila. Meu amor próprio. Eu poderia contar sobre o cara que fechou ir pras montanhas comigo e me ensinou a dirigir na neve. Sobre como ele me ensinou sobre liberdade e me fez refletir sobre algumas escolhas. Com certeza ainda tem um pedacinho dele em mim. Ou sobre um cara que conheci no meio da rua na Espanha.
O meu amor
Foi passageiro? Foi, mas foi amor. Ele era uma alma viajante assim como eu. Daquele lugar e também do mundo. Mas nada disso me parece mais ter sentido. Porque descobri que em todos os detalhes desses amores, tem principalmente um reflexo de mim.
Descobri que meu coração bate forte quando alguém me oferece um café, um cigarro ou um abraço, porque eu agiria assim e gosto de atitudes como essa. Gosto do cuidado e de percepção. Amo tudo que me lembra a mim. Do cabelo bagunçado às músicas inacabadas. Das manias, das palavras.
Amo tudo que me vejo em você e assim ((crio expectativas)). Crio um personagem que nada mais é do que o meu reflexo. Não me decepciono, sigo e aprendo. Sei que sou eu ali, nesse espaço entre minha imaginação e a realidade. Sei que sou eu, o meu amor.
